O bastonário da Ordem dos Médicos disse hoje que se está a ir longe demais” nos cortes da saúde, considerando que “não podem ser os doentes, nem o Serviço Nacional de Saúde a pagar a fatura da crise.
José Manuel Silva reagia assim às declarações do ministro da Saúde, Paulo Macedo, em entrevista quinta-feira na TVI, na qual falou sobre uma reorganização da oferta hospital, devido à sobreposição de serviços, admitindo que os cortes no setor podem afetar a qualidade dos serviços e afetar os doentes.
“Consideramos que o Governo está a ir longe demais nalguns cortes. Devemos colaborar no esforço nacional, mas achamos que não pode ser o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os doentes a pagar a principal fatura da crise”, disse o bastonário à agência Lusa.
No entender de José Manuel Silva, há que recuperar o país, mas há outros caminhos para o fazer, nomeadamente “criminalizar o enriquecimento ilícito, introduzir regras éticas e políticas, responsabilizar os políticos pelos seus atos”.
“É evidente que a Ordem dos Médicos (OM) tem consciência de que todos temos de fazer sacrifícios e ser mais exigentes e rigorosos na forma como gerimos os escassos recursos que temos atualmente e, por isso, em termos genéricos concordámos com as medidas da ‘troika’ para o SNS que, no fundo, vêm impor uma cultura de rigor e de auditoria do Sistema Nacional de Saúde, no entanto preocupa-nos a necessidade que este Governo tem de ir mais além das medidas preconizadas”, contou.
De acordo com o bastonário, estes cortes significam que a situação do “país é pior do que a descrita” e que é preciso poupar no setor da saúde para cobrir problemas e lacunas noutros setores da economia e do funcionamento do Estado.
“Não podemos aceitar que a qualidade do SNS seja posta em causa porque vai prejudicar os doentes não só pela redução global do sistema mas também dos serviços. Vai redundar indiretamente no aumento da despesa em saúde noutras vias. Se o doente não for convenientemente tratado os prejuízos que daí decorrem vão ultrapassar a poupança”, salientou.
José Manuel Silva considera que é possível poupar sem prejudicar a qualidade dos serviços e, para isso, tem de se apostar nos recursos públicos de saúde e maximizar recursos existentes.
“A OM vai acompanhar as consequências dos cortes e chamar a atenção para todas as situações em que a qualidade pode ser afetada, sendo que inevitavelmente vai ser afetada. Estamos também dispostos a colaborar na melhor gestão do SNS”, concluiu.
02 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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