Um estudo científico realizado por uma equipa luso-americana revela que existem algumas "semelhanças entre células estaminais e células tumorais", informou o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (UC).

Neste estudo, liderado em Portugal por João Ramalho-Santos e agora publicado na revista científica "Public Library of Science One" (PLoS One), investigadores portugueses e norte-americanos anunciam que esta investigação "pode ajudar a desenvolver aplicações clínicas".

"Apesar das semelhanças, o metabolismo das células estaminais embrionárias e células estaminais pluripotentes induzidas não é igual", refere uma nota do gabinete de comunicação do Centro de Neurociências e Biologia Celular do Departamento de Ciências da Vida da UC.

Uma das autoras do estudo, Ana Sofia Rodrigues, realçou esta tarde à agência Lusa que "não há muita investigação do comportamento normal destas células" e que este ou qualquer outro avanço nesta área tem "sempre uma grande vantagem".

Estas células estaminais "regulam o seu metabolismo energético de forma muito semelhante ao das células cancerosas, o que pode apontá-las como modelos destas células", salienta ainda o comunicado.

Ana Sofia Rodrigues explicou que "há uma semelhança ao nível do comportamento" entre células estaminais e células tumorais, o que "ainda não tinha sido estudado".

Além do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC, a investigação envolveu as seguintes instuições científicas dos Estados Unidos: Pittsburgh Development Center, Department of Pharmacology and Chemical Biology, Cancer Institute, School of Medicine, Department of Obstetrics, Gynecology & Reproductive Sciences e Department of Cell Biology-Physiology – University of Pittsburgh.

"As células estaminais pluripotentes humanas têm a capacidade de dar origem a todos os tipos de células do organismo adulto e têm, por isso, um enorme potencial para o desenvolvimento de terapias celulares", segundo a nota.

No entanto, a sua utilização "pode revelar-se um desafio, dado que a diferenciação incompleta destas células pode conduzir ao aparecimento de tumores".

"A compreensão dos mecanismos de diferenciação das células estaminais pluripotentes humanas, em todos os seus aspetos, nomeadamente ao nível do metabolismo energético, é por isso fulcral", acrescentam os investigadores de Coimbra.

Para João Ramalho-Santos, Sandra Varum e Ana Sofia Rodrigues, "este trabalho reveste-se de grande importância dado sugerir estratégias para a diferenciação das células estaminais e a sua utilização clínica".

30 de julho de 2011

Fonte: Lusa