Na estação de Sete Rios foram poucos os que tiveram disponibilidade para falar com a reportagem da Lusa, dada a pressa em chegarem aos empregos, mas deixando antever um sorriso debaixo das máscaras, agora de utilização obrigatória.
Os comboios circulam com uma lotação que permite que se viaje sentado e, embora mais cheias, nas composições com origem em Sintra e com destino o Areeiro os passageiros continuam a ser em menor número tendo em conta o cenário pré-pandemia.
À Lusa, Joana Lopes, que esperava no terminal o comboio, explicou que tem estado a trabalhar em períodos de 15 dias e hoje cumpre o último dia antes de entrar novamente em quarentena, acrescentando que neste momento se consegue andar nos transportes “sem problemas”.
“Sinto que tem estado muito mais vazio do que o habitual. Desde a semana passada para agora sinto que existe um bocadinho de mais movimento, mas mesmo assim, está muito livre”, reconheceu.
Joana Lopes admitiu “não haver” nos transportes públicos “tanta gente como antigamente”, frisando que já começa a existir “um pouco mais de movimento e de circulação de pessoas”.
Por seu turno, Adiato contou à Lusa que esteve sempre a trabalhar, pelo que nunca deixou de usar os transportes. O comboio que espera é já o terceiro meio que utiliza no seu trajeto para o emprego, depois da camioneta e do metro.
“O tempo de espera agora é maior e nos últimos dias tem havido mais gente”, começou por dizer, reconhecendo que vem agora “um pouco mais tarde para não apanhar os comboios muito cheios”.
“Antes [no início da pandemia] não estavam cheios, agora mais ou menos”, adiantou.
Nice Cordeiro encontra-se igualmente em Sete Rios à espera do comboio para rumar ao trabalho, afirmando à Lusa que agora se vê “mais pessoas”, mas “todos prevenidos”, mantendo as recomendações da Direção-Geral de Saúde e cumprindo a obrigatoriedade de usar máscara.
“Há mais pessoas nos últimos 15 dias, há realmente mais”, sublinhou.
Os comboios da Fertagus, que fazem a travessia da Ponte 25 de abril, levam mais pessoas a Sete Rios. Ainda assim, pelas 08:30, os patamares da estação não enchem e não é preciso esperar em filas para descer para as saídas, saindo dos comboios entre 20 a 30 pessoas no máximo.
No metropolitano, o cenário também não é muito diferente. Nos patamares há em espera uma dúzia de pessoas na estação do Jardim Zoológico da linha Azul com destino a Santa Apolónia. Há três meses, o cenário era diferente, com os utentes a reclamar que mal conseguiam entrar nas composições em hora de ponta por se encontrarem cheias.
A estação do Marquês de Pombal, uma das mais movimentadas do circuito do metro da capital, estava hoje com níveis de utilização muito baixos. O 'mar' de passageiros de outrora em passo apressado dá lugar agora a dúzia e meia de pessoas que aguardam o devido distanciamento entre si.
“Não está muito cheio, está calminho, não há muitas enchentes, por enquanto. Quando comecei ainda havia menos. Agora como já houve mais lojas a abrir já começou a haver um bocadinho de mais movimento”, começou por contar Mecia Medeiros.
A utente, que esperava o metro na estação do Marquês de Pombal para ir para o emprego, explicou que deixou de andar em autocarros, privilegiando o metro para ir para o trabalho.
“Vejo que está tudo desinfetado, sinto que está tudo mais limpo, evito os outros transportes. Só ando de metro”, frisou, lembrando que as pessoas estão a cumprir a utilização de máscaras e “até tentam evitar andar encostadas umas à outras”.
“Está a correr bem. Daqui a duas semanas deve começar a ser pior, agora não”, afirmou.
De acordo com dados do Metropolitano, comparando as validações de passageiros na rede do Metro, na primeira semana do desconfinamento, entre 04 e 07 de maio registaram-se 393.674 validações.
Já na semana de 11 a 14 de maio, também de 2ª a 5ª feira, registaram-se 427.386 validações, o que significou um crescimento de cerca de 8%.
Portugal contabiliza 1.231 mortos associados à covid-19 em 29.209 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Das pessoas infetadas, 628 estão hospitalizadas, das quais 105 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados é de 6.430.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
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