Segundo o diretor-geral de Saúde de Inglaterra, Chris Whitty, os quatro novos casos estão todos relacionados com um outro doente já confirmado em Brighton na semana pasada e que tinha viajado para Singapura.
Um anúncio divulgado hoje pelo Departamento de Saúde britânico descreveu o novo coronavírus como uma “ameaça séria e iminente” à saúde pública, posição que um porta-voz explicou como sendo uma medida de segurança.
“Estamos a fortalecer as nossas regras para que possamos manter as pessoas em isolamento, para sua própria segurança, quando os profissionais de saúde pública considerarem que pode haver risco de o vírus se espalhar”, afirmou.
“Esta medida tornará mais fácil aos profissionais de saúde ajudar a manter as pessoas seguras em todo o país”, acrescentou.
A necessidade de reforçar o poder do pessoal médico partiu, segundo o correspondente político da BBC, Iain Watson, de um caso particular: um passageiro do primeiro voo que partiu de Wuhan, cidade chinesa considerada o epicentro do vírus, para o Reino Unido, e que ameaça atualmente fugir da quarentena a que está sujeito no hospital Wirral.
“Atualmente, os regulamentos não são suficientemente fortes para o impedir de sair antes de acabar o período de 14 dias de quarentena, por isso [o Governo] anunciou novas regras para tentar obrigá-lo a manter-se fechado”, explicou no programa “Today” da Rádio 4 da BBC.
Cerca de 200 britânicos e estrangeiros chegaram no domingo ao Reino Unido, num voo fretado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros inglês para retirar cidadãos europeus de Wuhan, tendo todos sido levados para quarentena.
Todas as pessoas retiradas da China nesse voo assinaram contratos comprometendo-se a ficar isolados durante 14 dias, mas não existe nenhuma obrigação legal para quem queira sair.
Por isso, o Governo considerou necessário aumentar as advertências oficiais, descrevendo a ameaça como “iminente”, o que os analistas consideram dever-se apenas a razões legais.
O nível real de ameaça anunciado pela Public Health England, a organização responsável pela Saúde Pública do país, permanece como “moderado”.
O novo vírus foi detetado, pela primeira vez, no ano passado, em Wuhan, capital da província de Hubei, cidade com 11 milhões de pessoas e que está isolada há semanas.
O surto foi declarado “emergência global” pela Organização Mundial de Saúde em 30 de janeiro.
De acordo com as autoridades chinesas, o número de mortos causados pelo coronovírus (2019-nCoV) aumentou para 908 no domingo, além de existirem mais de 40 mil infetados.
No domingo, segundo dados divulgados pela Comissão Nacional de Saúde da China, foram registadas no território continental chinês 97 mortes e detetados 3.000 novos casos de infeção.
O número total de mortes ascende a 910, contabilizando as duas registadas fora da China continental, uma nas Filipinas e outra em Hong Kong.
O balanço ultrapassa o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 350 casos de contágio confirmados em 25 países. Na Europa, o número já ultrapassa os 40.
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