A aumento de número de casos de pessoas com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE, o largo espetro da sua expressão clínica, o interesse da avaliação funcional, as novas terapêuticas e a necessidade de abordagem multidisciplinar foram os principais tópicos apresentados pelo gastrenterologista Luís Novais, num mini curso dedicado às práticas de procedimento em caso de refluxo refratário, na Semana Digestiva 2016, no Palácio de Congressos do Algarve.

"O número de casos com DRGE tem vindo a aumentar, nas últimas décadas devido á alteração dos hábitos alimentares, ao aumento da incidência da obesidade, ao excesso de consumo de bebidas alcoólicas e ao tabaco " afirmou Luís Novais.

Sintomas

"Rouquidão, pigarro, dor na garganta, tosse crónica, dor no peito, falta de ar ou alterações no esmalte dos dentes, podem ser sintomas desta doença", e a avaliação médica multidisciplinar por profissionais de diferentes especialidades é da maior interesse e relevância.

A introdução dos inibidores da bomba de protões (IBP) revolucionou a abordagem à DRGE, quer no tratamento dos sintomas típicos, quer na cicatrização da esofagite. "Contudo, em cerca de 10 a 40% dos doentes a sintomatologia persiste, tornando-se a ineficácia destes fármacos um problema clínico atual, a denominada DRGE refratária", alertou o especialista.

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Para o gastrenterologista, a DRGE que não responde ao tratamento médico adequado e às medidas de alteração dos hábitos alimentares e de vida, "a investigação detalhada dos sintomas do doente e a avaliação diagnóstica são essenciais para clarificar a origem dos sintomas refratários como a toma inadequada ou insuficiente de IBPs, o refluxo ácido persistente, o refluxo não ácido, a bolsa de ácido, a sintomatologia não relacionada com RGE e a hipersensibilidade esofágica".

No que respeita ao diagnóstico "os recentes exames utilizados para confirmar a doença e a razão da não resposta adequada ao tratamento, estão disponíveis em Portugal, são de fácil execução e bem tolerados pelo doente", acrescentou o responsável do Laboratório de Neurogastrenterologia e Motilidade Digestiva (CEDE) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa.