“Estamos sofrer em Portugal os efeitos da passividade governativa dos últimos anos, um Governo que não muda, que não transforma, de empata, que não reforma mais dia menos dia ia ter de se confrontar com esta realidade”, afirmou Luís Montenegro, no final de uma visita de cerca de duas horas ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
O presidente do PSD alargou esta insatisfação com a atratividade das carreiras a outros setores como professores e enfermeiros, que considerou ter-se agravado durante a governação do PS.
“Acontece uma ironia histórica: depois de mais de sete anos de Governo do PS, a maior parte deles com apoio político intenso do PCP e do BE, quer na área da educação, quer na da saúde, o que está a florescer em Portugal é o setor privado”, salientou.
O líder do PSD considerou que o problema da falta de capacidade de recrutar e reter profissionais no SNS prende-se também com dificuldades em outras áreas, como a habitação e educação.
“O facto de o país estar há tantos anos sem reformas estruturais faz com que tenhamos chegado a uma situação de afunilamento completo”, disse, considerando que a greve dos médicos é mais “um sinal” dessa insatisfação.
Montenegro alertou que se projetam mais greves na saúde para um período em que Portugal vai receber “um grande evento internacional, como a Jornada Mundial da Juventude”.
No INEM, o líder do PSD considerou a resposta “mais imediata e urgente” dada por estes profissionais é um “aspeto crucial” do sistema de saúde e defendeu a criação da especialidade de emergência, neste caso uma responsabilidade da Ordem dos Médicos.
“É uma especialidade que faz falta para haver carreiras atrativas”, disse, depois de esta Ordem já ter ‘chumbado’ a criação da especialidade da Medicina de Urgência.
Montenegro ainda se vai reunir hoje as Ordens profissionais dos médicos, médicos dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e fisioterapeutas, naquele que é o terceiro de quatro dias de iniciativas do PSD dedicadas à saúde, que culminam com um debate na quinta-feira no parlamento.
Os médicos iniciaram às 00:00 de hoje dois dias de greve, convocada pela Federação Nacional dos Médicos, para exigir “salários dignos, horários justos e condições de trabalho capazes de garantir um SNS à altura das necessidades” da população.
Apesar de as duas últimas reuniões negociais com o Ministério da Saúde estarem agendadas para os dias 07 e 11 de julho, a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) decidiu manter a paralisação, que se estende até às 24:00 de quinta-feira, face “ao adiar constante das soluções” e “à proposta insatisfatória” que recebeu da tutela, não excluindo uma nova greve nacional na primeira semana de agosto.
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