Num inquérito divulgado hoje pela revista editada pela associação de consumidores DECO Proteste, só 54% das pessoas que responderam ao inquérito afirmaram já ter usado uma destas plataformas, com o Portal do SNS a ser apontado por 85%.

A marcação de consultas, o acesso a registos médicos e o pedido de receitas de medicamentos e exames são as funções mais utilizadas.

Na avaliação dos utilizadores, ter acesso às plataformas 'online' não aumentou o acesso aos serviços de saúde.

Para a maioria dos que não utilizam, trata-se de uma opção, justificada pela vontade de manter fora da Internet dados de saúde pessoais.

Essa é uma preocupação expressa por 85% dos utilizadores de plataformas, que receiam que as suas informações possam ser vistas por piratas informáticos, empresas privadas, seguradoras ou pela indústria farmacêutica.

"Apesar de legítima, esta ambição será difícil de concretizar, dada a intenção de “desmaterializar” os processos no Serviço Nacional de Saúde: atualmente, já não se entregam, por exemplo, receitas em papel, nem novos boletins de vacinas", regista a Teste Saúde, que considera "preocupante que 23% dos inquiridos nunca tenham ouvido falar em plataformas digitais de saúde".

A segunda plataforma mais utilizada, a privada MyCuf, foi apontada por 23% dos utilizadores de plataformas como a preferida.

Em termos de satisfação global dos utilizadores, ganha mais pontos do que o Portal do SNS.

Face aos resultados, a DECO Proteste defende que tem que ser o Ministério da Saúde a divulgar o portal e acautelar a acessibilidade dos dados pessoais.

"O consumidor deve ter o direito de decidir quando, como e com quem partilha os seus dados", refere a DECO, que considera que "a supervisão da Comissão de Proteção de Dados é fulcral", atuando sempre rápida e eficazmente em caso de "problemas de segurança ou de violação de privacidade".

A Teste Saúde dá alguns conselhos sobre como procurar informação fiável sobre saúde, apontando como fontes credíveis "hospitais, agências de saúde ou ministérios" ou endereços terminados em ".edu" ou ".gov".

Por outro lado, é preciso "especial cuidado com os blogues" e atenção a sinais de alerta como "linguagem emotiva, com excesso de exclamações e promessas".

No caso de informação veiculada por empresas privadas, recomenda que se "ative o sentido crítico", porque pode estar a mostrar-se só "uma face da moeda, para incentivar a compra de produtos ou serviços".

O inquérito foi realizado entre maio e junho de 2018 através do envio de questionários a pessoas com idades entre os 25 e os 69 anos, com 415 respostas válidas, e feito por congéneres da Teste Saúde na Bélgica, Espanha e Itália.