A equipa publicou esta segunda-feira a descoberta na prestigiada revista Cell Host & Microbe.

O estudo poderá abrir novos caminhos de tratamento da doença do sono, que é contraída através da picada da mosca Tsetse, e que coloca em risco mais de 60 milhões de pessoas em África.

Sem tratamento, esta doença é tipicamente fatal. Além de humanos, também outros animais, como vacas e cavalos, podem contrair esta doença, o que tem um impacto económico devastador contribuindo para a pobreza em muitos países Africanos.

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A doença do sono é provocada por um parasita (Trypanosoma brucei) que se julgava viver sobretudo no sangue de pessoas. Com alguma frequência, o tratamento dos doentes parece eficaz numa fase inicial, mas posteriormente verifica-se que afinal nem todos os parasitas foram eliminados.

Perante isto, médicos e cientistas questionavam-se: "onde se esconderão os parasitas que não são eliminados pelo fármaco?".

No trabalho agora publicado pela equipa de Luísa Figueiredo, os investigadores descobriram que os parasitas se encontram em grande quantidade no tecido adiposo (mais comumente conhecido como gordura).

Neste tecido, os parasitas sofrem uma grande transformação. Apesar da sua morfologia manter-se, o programa genético dos parasitas é altamente alterado para os parasitas poderem sobreviver num tecido com propriedades muito diferentes das do sangue. Por exemplo, no sangue os parasitas usam apenas açúcares como fonte de energia, enquanto que no tecido adiposo usam também os lípidos.

A descoberta da gordura como reservatório de parasitas poderá abrir novos caminhos de tratamento da doença do sono.

O estudo publicado esta segunda-feira sugere que um bom fármaco terá se ser capaz de penetrar o tecido adiposo e do seu alvo estar ativo nos parasitas que residem quer no sangue, quer na gordura. Novos estudos serão agora necessários para explorar estas hipóteses.