A nova estrutura tem sede formal em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, e, segundo explicou à Lusa o presidente da direção, "representa mais de 150.000 profissionais de todo o país" que até 2008 eram reconhecidos como "técnicos auxiliares de ação médica" e, após alterações no governo de José Sócrates, passaram a ter o título de "assistentes profissionais", o que consideram uma "desvalorização" da sua formação específica.

"A categoria que nos deram de ‘assistentes operacionais' é totalmente injusta, porque nos coloca ao mesmo nível de uma pessoa que, sem formação ou experiência específica em saúde, também é ‘operacional' num supermercado, num armazém ou noutro sítio qualquer. Se o Estado anda a investir fundos da União Europeia na criação de cursos profissionais de ‘técnicos auxiliares de saúde', é um contrassenso total que, depois, contrate quem tem essas habilitações distintivas para os colocar na categoria de meros assistentes operacionais", afirma Adão Rocha.

Do universo atual de mais de 150.000 técnicos da área, 28.000 estão afetos ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os restantes exercem em entidades privadas.

"Representamos o terceiro maior grupo profissional do setor e 20% da força produtiva, mas somos sempre esquecidos e desvalorizados", lamenta o diretor da APTAS.

Nesta fase, o objetivo principal da associação não é melhorar o salário-base dos seus profissionais, que "atualmente auferem 635 euros por 35 horas semanais", mas "voltar a dignificar a profissão, que é de muita responsabilidade e envolve sempre períodos de trabalho mais longos do que o previsto, com muito desgaste físico e, sobretudo, emocional".

Entre as competências próprias dos "técnicos auxiliares de saúde", como determinado para essa designação concreta pela Portaria n.º 1041/2010 e pela Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, inclui-se, por exemplo, o "auxílio na prestação de cuidados de saúde aos utentes".

Aqui se inclui, por exemplo, a administração de medicamentos, a alimentação manual ou por sonda, e ainda a "recolha e transporte de amostras biológicas" ou o apoio na higienização de doentes e em "cuidados post mortem".

Os cursos técnico-profissionais para o efeito exigem créditos em Matemática, Físico-Química e Biologia, assim como aulas em "gestão e organização de serviços e cuidados de saúde", "comunicação e relações interpessoais", e "higiene, segurança e cuidados gerais".

Adão Rocha defende, por isso, que "é tempo de o Governo corrigir um erro que se arrasta há demasiado tempo e que desrespeita as diretrizes da União Europeia".

Nessa missão de "repor uma carreira com direito próprio", a APTAS diz já contar com o apoio do SITAS - Sindicato Independente dos Técnicos Auxiliares de Saúde e também com a recetividade do Partido Ecológico "Os Verdes", com o qual a associação marcou uma primeira audiência.