“São carros que não oferecem segurança nenhuma. Muitas vezes estão prontos para operar com a equipa com um médico e um enfermeiro e depois, quando se vai pegar no carro, estão inoperacionais precisamente porque não têm condições”, adiantou a bastonária da OE.
Esta foi umas das preocupações que Ana Rita Cavaco manifestou hoje à secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, numa reunião sobre os “constrangimentos” do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
A bastonária deu o exemplo da VMER do Hospital de São José que, em 9 de janeiro, tinha mais de 450 mil quilómetros, assim como de um enfermeiro que hoje “ficou com o manípulo das mudanças na mão” quando estava a conduzir uma dessas viaturas.
As VMER destinam-se ao transporte rápido de uma equipa médica diretamente ao local onde se encontra o doente e são compostas por uma equipa constituída por um médico e um enfermeiro com equipamento de suporte avançado de vida.
Ana Rita Cavaco adiantou ainda que o estado em que se encontram estas viaturas coloca em risco a “segurança da equipa e o socorro às pessoas”, uma situação que se estende também às ambulâncias de suporte imediato de vida (SIV), cuja equipa é composta por um enfermeiro e um técnico de emergência pré-hospitalar.
Segundo a ordem, desde 2009 que o INEM “não emite nenhuma orientação técnica” sobre a composição da chamada carga das VMER (equipamentos e medicamentos), o que “não é admissível e já levou a vários pedidos de escusa de responsabilidade de enfermeiros”.
“São coisas que põem em causa o socorro às pessoas no dia a dia. São com esses constrangimentos que lidamos há muito tempo”, salientou Ana Rita Cavaco.
A bastonária alertou também que protocolos de atuação das ambulâncias SIV, que não eram revistos desde 2013, foram atualizados há cerca de um ano, mas “estão na gaveta” desde então.
“Num contexto de emergência ou de urgência, são definidos determinados protocolos de atuação, porque estamos a falar de situações de risco de vida e que se tem de se atuar imediatamente”, explicou.
Ana Rita Cavaco lamentou ainda que, há alguns anos, “tenham sido retirados os enfermeiros” dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), o que significa que, na prática, o “INEM faz muito mais ativações do que aquelas que deveria fazer, porque os meios estão mal direcionados”.
“Isso é um contrassenso, porque os enfermeiros fazem a triagem nos serviços de urgência e na Saúde 24. Só não o fazem no INEM porque implementou um sistema diferente, ao invés de usar a Triagem de Manchester”, sublinhou a bastonária, para quem “é preciso uma nova forma de olhar para a gestão e organização” do organismo responsável por coordenar o funcionamento o Sistema Integrado de Emergência Médica em Portugal continental.
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