Nasceu no México, há cinco meses, o primeiro bebé do sexo masculino a ter o ADN de três indivíduos diferentes: o da mãe, do pai e de um dador. Tudo isto graças a um método revolucionário de reprodução medicamente assistida que permite a casais com mutações genéticas raras terem um filho completamente saudável.

Esta técnica, aprovada no Reino Unido no ano passado, não é legal em todos os países, incluindo nos Estados Unidos onde o casal inicialmente procurou ajuda. Por esse motivo acabaram por fazer o procedimento no México.

Mas porquê a introdução de um terceiro código genético? Tendo em conta que a progenitora era portadora dos genes do Síndrome de Leigh, uma doença rara fatal, a introdução de um terceiro ADN permitiu que pudesse conceber um bebé sem a doença. Depois de sofrer quatro abortos e de perder dois filhos, de 6 anos e oito meses, deu agora à luz um bebé saudável.

Uma equipa de médicos americanos, liderada por John Zhang, utilizou a técnica de nome “transferência pró-nuclear”, que envolve a utilização dos óvulos de duas mulheres diferentes e do esperma de um homem. Ou seja, removeram o núcleo de um ovócito da mulher e inseriram-no num de uma dadora ao qual tinham tirado o núcleo, que posteriormente foi fertilizado com o esperma do marido. Há, portanto, material genético de três pessoas: um ovócito com o núcleo da mãe, as mitocôndrias saudáveis de uma dadora e o esperma do pai.

Recorde-se que a técnica utilizada por Zhang é proibida em certos países uma vez que experiências semelhantes feitas na década de 90 deram origem a bebés com doenças genéticas. No entanto, o médico quis arriscar e afirma ter feito o mais correto. "Para salvar vidas é o mais ético a fazer", justifica.