Segundo o relatório, 53,6% dos inquiridos afirmam não ter necessidade de ir a consultas de medicina dentária, um valor que subiu face aos 44,5% da edição anterior do Barómetro. 31,7% diz não ter dinheiro, valor que contrasta com os 42,8% registados no ano passado. Há ainda 11,6% que considera não ter problemas de dentes.

No entanto, 70% de portugueses têm falta de dentes naturais (excetuando os dentes do siso) e, destes, 35% já perdeu seis ou mais dentes. Há ainda 8,2% da população portuguesa que não tem qualquer dente natural. E, entre aqueles que têm falta dentes, há 55,5% que nada tem a substituir.

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O Barómetro revela também que 37,4% dos portugueses nunca marcam consulta para check-up. Apenas 29,7% dos inquiridos pelo Barómetro marcam uma consulta por ano e 13,3% marca quando o médico dentista recomenda.

41,6% dos portugueses não visitam o médico dentista há mais de um ano e analisando as 4 edições do Barómetro está a aumentar o número de utentes que não vai ao médico dentista há mais de 2 anos. 3,6% confessa que nunca foi a uma consulta de medicina dentária.

País a duas velocidades

O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, considera que "em questões de saúde oral vivemos num país a duas velocidades: quem tem possibilidade de aceder a consultas de medicina dentária percebe as vantagens das visitas regulares e mantém a regularidade. Os outros, seja por falta de recursos ou informação, olham para a saúde oral como algo secundário e o resultado está à vista".

"11% da população portuguesa vive com falta de mais de seis dentes e sem substitutos, o que prejudica substancialmente a saúde oral. A ausência de tantos dentes afeta a qualidade da mastigação, condicionando a ingestão de certos alimentos e pondo em causa a saúde geral", acrescenta.

Para Orlando Monteiro da Silva, “há ainda muito a fazer nesta área. É decisivo integrar mais médicos dentistas nos centros de saúde e nos hospitais e estabelecer um acordo entre o Estado e os consultórios e clínicas privadas para o financiamento de consultas de saúde oral. O que existe atualmente é curto para as necessidades dos portugueses, apenas alguma franjas mais desfavorecidas estão abrangidas pelos cuidados de saúde oral públicos, ficando de fora a grande maioria da populaçãoW.

Prova disto é que quando questionados sobre a oferta de serviços de medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde - um projeto que tem vindo a ser implementado pelo Governo desde 2016 -, 63% dos inquiridos desconhece a existência de consultas de medicina dentária em alguns centros de saúde.

Nos últimos 12 meses, apenas 10% dos portugueses recorreram ao hospital ou centro de saúde quando tiveram problemas de saúde oral. Entre aqueles que vão habitualmente a consultas de medicina dentária, mais de 85% manteve a regularidade das consultas e apenas 7,2% diminui.

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42,8% dos portugueses marcam consulta para revisões e check-ups e 11,8% por ter dor de dentes. Apenas 6,4% dos inquiridos têm a intenção de marcar consulta para substituir dentes naturais perdidos.

No que toca à higiene oral, os inquiridos pelo Barómetro de 2018 revelam bons hábitos: há 96,2% dos portugueses, sobretudo as mulheres, que escovam os dentes regularmente; ainda assim, este é o valor mais baixo registado nas quatro edições do Barómetro.

Nos cuidados de saúde oral das crianças, a quarta edição do Barómetro conclui que cerca de 63% das famílias portuguesas com menores de seis anos no agregado nunca visitam o médico dentista, embora admitam ter consciência de que os dentes de leite carecem de tratamento. Por outro lado, denota-se um aumento da utilização do cheque-dentista. Entre os inquiridos que afirmaram ter levado os menores de seis anos a uma consulta de medicina dentária, 64% recorreu ao cheque-dentista.

Uma das tendências que se mantém nesta edição é a fidelização e confiança que os portugueses depositam nos seus médicos dentistas. 73% dos inquiridos garantem que nunca mudaram de médico dentista ou que apenas ponderam esse cenário em caso de necessidade.