"A redução impressionante dos casos de HIV entre as pessoas que tomam a profilaxia de pré-exposição, sem aumento notável de outras infeções sexualmente transmissíveis, é confortante do ponto de vista clínico e comunitário, assim como para todos os atores de saúde pública", ressaltam os autores do estudo publicado na revista médica The Lancet.
Os investigadores declaram-se "muito favoráveis" à integração deste tratamento nas "ferramentas atuais de prevenção" colocadas à disposição de homossexuais expostos ao risco de infeção.
Realizado no Reino Unido desde novembro de 2012, o estudo PROUD acompanhou 544 homossexuais não infetados mas que tinham tido uma ou mais relações desprotegidas nos 90 dias anteriores.
Metade deles passou a receber uma dose diária de Truvada, um antirretroviral que combina tenofovir e emtricitabina, do laboratório norte-americano Gilead Sciences, enquanto os outros receberam o tratamento de maneira diferente, um ano depois. Apenas três infeções foram observadas no primeiro grupo, contra 20 no segundo, uma redução relativa do risco na ordem dos 86%, segundo a equipa da epidemiologista Sheena McCormack.
Mas desde outubro de 2014, quase um ano antes da publicação dos resultados definitivos, os responsáveis pelo estudo decidiram dar o Truvada a todos os participantes.
Os autores de um estudo francês semelhante, intitulado Ypergay, também decidiram permitir que todos os participantes beneficiassem do Truvada, alcançando resultados semelhantes.
Apesar da experiência bem sucedida em vários testes clínicos, o tratamento preventivo contra a Sida continua a ser pouco prescrito em todo o mundo, especialmente por causa do seu custo elevado (cerca de 10.000 euros por ano por doente). Os efeitos secundários mais comuns são dores de cabeça, náuseas e perda de peso.
"Os serviços nacionais de saúde têm restrições financeiras, mas não podem ignorar os resultados do estudo PROUD e Ypergay", ressaltam os autores deste estudo britânico.
Num comentário anexo à investigação, os médicos Kenneth Mayer e Chris Beyrer, dois especialistas norte-americanos em saúde pública, defendem que "é preciso desenvolver serviços de prevenção contra a Sida a uma escala internacional oferecendo sistematicamente tratamentos preventivos".
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