O projeto de um novo edifício começou a ser falado no início dos anos 90 e foi relançado em 2001, tendo conhecido várias localizações.

Em janeiro de 2017, a Câmara de Lisboa cedeu ao hospital um terreno que era ocupado pelo antigo mercado de feirantes da Praça de Espanha, junto ao hospital.

Na altura, foi anunciado que as obras do novo edifício, orçadas em cerca de 30 milhões de euros, iriam arrancar em 2018, o que não aconteceu.

Em outubro de 2019, o então presidente do IPO de Lisboa, João Oliveira, o Governo e a autarquia manifestaram o desejo de que o novo edifício de cuidados ambulatórios fosse uma realidade em 2023, ano do centenário da instituição, que se celebra hoje.

A atual presidente do conselho de administração do IPO de Lisboa, Eva Falcão, reconheceu em entrevista à agência Lusa que o novo edifício seria “um excelente presente de aniversário”, afirmando ter “a esperança” de que o projeto arranque no próximo ano.

“Estamos numa fase de escolha de um projeto de arquitetura. Desenvolvemos um concurso ao longo deste ano e estamos em fase de audiência prévia e, portanto, contamos (…) lançar o concurso para a verdadeira construção ainda durante o ano de 2024”, adiantou.

Eva Falcão explicou que o projeto inicial previa substituir os vários pavilhões que constituem o IPO por um novo edifício.

“Com o passar do tempo, esse projeto foi revisto, porque foram feitas muitas intervenções ao nível dos serviços de internamento”, do bloco operatório, cuja renovação teve um investimento de cerca de seis milhões de euros, e está a ser ultimada uma obra de reapetrechamentos e de renovação da central de esterilização, essencial ao funcionamento do bloco, um investimento de cerca de 700.000 euros.

Segundo a administradora, estes investimentos levaram a repensar a dimensão do edifício, concluindo-se que não há necessidade de substituir “um parque que está bastante renovado”, mas sim de concentrar a atividade de ambulatório num novo edifício.

O IPO pretende ali reunir as consultas externas, os serviços de atendimento não programado, central de colheitas, laboratórios, hospital de dia de adultos, meios complementares de diagnóstico e terapêutica, fisioterapia, laboratórios, unidades de gastroenterologia, pneumologia, urologia, dermatologia e ainda a dádiva de sangue.

Fundado pelo cirurgião e professor Francisco Gentil, o IPO de Lisboa assinala hoje o 100.º aniversário com uma cerimónia dedicada aos trabalhadores, cujos rostos estão expostos num mural de fotografias que será hoje inaugurado.

“Decidimos fazer uma cerimónia mais intimista, homenageando todos aqueles que fizeram, que fazem e que farão” parte do IPO e que o fazem crescer, afirmou.

Para Eva Falcão, estar à frente da instituição e “projetar a casa para mais 100 anos com o prestígio que o IPO tem no país” é “uma enorme responsabilidade” da qual se orgulha.

Com mais de 2.000 trabalhadores, 360 dos quais são médicos (incluindo internos), 620 enfermeiros e 260 técnicos de saúde, a instituição tem 270 camas e recebe doentes das regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve, Açores, Madeira e ainda dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

Em Portugal, a prevalência do cancro tem vindo a aumentar e o número de doentes em tratamento no IPO Lisboa também, realizando mais de 309 mil consultas por ano.

A estes números, acrescem mais de 41 mil sessões de quimioterapia e mais de 71 mil tratamentos de radioterapia. Em 2022, foram realizadas 7.400 cirurgias e 100 transplantes de medula.

Anualmente, o Lar de Doentes contabiliza cerca de 7.800 dias de estadia de doentes que recorrem às 114 camas disponíveis para permanecer no IPO, muitas vezes com os seus familiares ou cuidadores, beneficiando da proximidade dos serviços clínicos onde estão a realizar tratamentos ou a recuperar de uma cirurgia.