Falando em Madrid, Carl-Henrik Heldin afirmou que o prémio só poderia ser retirado caso se tratasse de má conduta científica, "basicamente, no caso de ter havido logro".

No entanto, tal nunca aconteceu em 117 anos de história dos prémios, porque os comités são "atentos e esperam até as descobertas serem demonstráveis".

Em 1949, a Real Academia Sueca das Ciências atribuiu o Nobel da Medicina ao neurologista António Egas Moniz pelo seu trabalho, que ajudou a desenvolver a lobotomia, uma operação que consiste em cortar os lobos frontais do cérebro para tratar distúrbios como as psicoses.

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Na altura, "considerou-se que era um grande avanço no tratamento das doenças mentais", afirmou, embora a prática tenha acabado por ser abandonada, substituída por medicamentos antipsicóticos.

Outros casos

Outro exemplo de um Nobel que hoje é questionável foi o atribuído ao suíço Paul Müller, que inventou o inseticida DDT, premiado pelo seu papel na luta contra à malária, mas que hoje está proibido por causa dos efeitos ambientais.

Questionado sobre a possibilidade de retirada do Nobel da Paz à política birmanesa Aung San Suu Kyi, criticada pela sua falta de ação a denunciar a perseguição à minoria muçulmana Rohingya, Heldin indicou que o prémio foi decidido "pelos méritos prévios à entrega".

"Muitos premiados convertem-se em referências e conseguem atrair jovens para a Ciência", mas "outros não se comportam como era esperado, mas não se pode fazer nada" na Fundação Nobel, declarou.