8 de janeiro de 2014 - 10h11

Os níveis de plutónio radioativo na estratosfera terrestre, proveniente de testes e acidentes nucleares são mais elevados do que se pensava anteriormente, embora provavelmente não representem um perigo para os seres humanos, alertaram cientistas na Suíça na terça-feira.

Anteriormente, pensava-se que os radionuclídeos de plutónio - átomos radioativos que podem levar décadas ou milhares de anos para se degradar - estivessem presentes na estratosfera - camada da atmosfera situada entre, aproximadamente, 12km e 50 km de altitude - apenas em níveis desprezíveis.

Também se acreditava que os níveis destes poluentes fossem mais elevados na troposfera, a camada da atmosfera mais próxima da superfície, do que na estratosfera.

Porém, de acordo com os autores do estudo, os níveis radioativos na estratosfera são "três vezes maiores do que se pensava anteriormente", declarou à agência France Presse José Corcho, do Departamento Federal de Proteção Civil da Suíça, autor do estudo.

Os investigadores também descobriram que as erupções vulcânicas podem mudar estes poluentes da estratosfera para a troposfera, mais perto da Terra.

Mas Corcho garante que não existem evidências de perigo.

"Os níveis de plutónio atualmente encontrados na estratosfera são baixos e comparáveis aos níveis medidos no ar no nível do solo (troposfera) no final dos anos 1960 e nos anos 1970", explicou por e-mail, cita a agência.

"Embora não seja especialista em saúde, eu diria que os níveis
atuais de plutónio encontrados na estratosfera não representam um risco
para a população", acrescentou.

O estudo, publicado na revista
Nature Communication, destacou que as partículas radioativas encontradas
na estratosfera têm origem sobretudo nos testes feitos na superfície
do solo com armas nucleares nos anos 1950 e início dos 1960.

A destruição de um satélite americano de navegação em
1964, que espalhou o seu combustível de plutónio na atmosfera e acidentes
com usinas nucleares como os de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, e de
Fukushima, em 2011, no Japão, são outras das causas.

SAPO Saúde com AFP