31 de janeiro de 2014 - 16h21
 A nanomedicina é uma das esperanças no combate "de precisão" a células cancerígenas, defendem especialistas no dia em que se assinala, em Braga e em 13 países europeus, o segundo Nano World Cancer Day.
Segundo os especialistas, reunidos no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), a aplicação desta ciência, até há alguns anos mais focada na área da eletrónica e engenharias, na medicina "não é mais ficção científica".
Alias, referiram, no combate ao cancro e no que concerne o diagnóstico precoce, a nanomedicina tem vindo a assumir especial destaque, sendo por isso uma das áreas de investigação às quais a Europa está a dar "mais atenção e financiamento", inclusive em Portugal.
"As nanoterapias têm o potencial de permitir a prevenção e detenção precoce, de melhoria de diagnósticos. Além disso, permitem atacar de forma mais exata as células tumorais", explicou a investigadora Maria José Oliveira, em representação da Plataforma Tecnológica Europeia para a Nanomedicina (ETP-N).
Apesar dos "nanocomprimidos" conterem os mesmos princípios básicos que a quimioterapia, os investigadores apontam "vantagens" em relação àquela terapêutica.
"Os efeitos tóxicos são menores e permitem maior seletividade nas células a atacar. Há um combate mais direcionado. Uma espécie de bala mágica", explanou Rafael Lopez da Universidade de Santiago de Compostela.
Pelo que, apontaram ambos, "a nanomedecina é uma das grandes esperanças no tratamento de cancro e na deteção precoce da doença".
Além disso, acrescentou o médico do Instituto Português de Oncologia do Porto, Nuno Sousa, "a nanomedicina está a permitir melhorar o índice terapêutico, ter uma maior eficácia da terapêutica aumentando a capacidade de controlar a doença e fazer com que os doentes vivam mais tempo".

Este ramo da nanotecnologia está a "despertar cada vez mais interesse" ao qual a formação da ETP-N não esta alheio.
"A criação desta plataforma permitiu juntar vários agentes, investigadores, médicos e empresas. Esta aproximação tem permitido uma maximização de esforços e uma maior sensibilização politica, nomeadamente para a questão do financiamento", referiu Maria José Oliveira.
A investigadora explicou que "a Europa está sensível para a questão dos financiamentos e esta plataforma mostrou que há um corpo europeu de investigação capaz".
A par da tendência europeia, "também em Portugal a nanomedicina está a ter atenção", nomeadamente no INL.
"Temos em desenvolvimento vários projetos que trabalham as nanoparticulas copuladas a sistemas de transporte no corpo humano. Outros projetos incidem sobre os métodos de diagnóstico precoce", referiu o responsável pelo INL José Rivas.
Atualmente existem já cerca de 40 produtos de nanomedicina a serem usados no combate ao cancro estando atualmente em desenvolvimento mais de 230 produtos.
"A nanomedicina é uma oportunidade no combate ao cancro que não pode ser descurada", avisou Maria José Oliveira.
SAPO Saúde com Lusa