“Notamos que houve um aumento significativo da mortalidade por cancro do pulmão no sexo feminino neste último ano, é de facto um aumento marcante, que já tínhamos antecipado, e já estávamos à espera pela diminuição da assimetria de género no consumo de tabaco”, sublinhou Nuno Miranda.

Segundo explicou aos jornalistas, “neste momento há um maior equilíbrio na relação de homens/mulheres no consumo de tabaco e isto levou a duas coisas: primeiro a uma pequena diminuição da mortalidade por cancro no sexo masculino pelo segundo ano consecutivo, fruto do investimento que foi feito em medidas legislativas e em medidas de desaconselhamento do consumo do tabaco, mas por outro lado, e essa é a parte negativa, há um aumento significativo da mortalidade no sexo feminino que, é ainda muito menor do que no sexo masculino, mas que pensamos irá continuar a aumentar”.

Nuno Miranda falava na apresentação do relatório do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas 2017, cuja primeira conclusão é que os resultados do diagnóstico e tratamento do cancro em Portugal continuam “num muito bom nível, ou seja Portugal está junto dos melhores parceiros europeus, tanto em termos do número de cancros que diagnosticamos como em termos da mortalidade por cancro”.

A incidência das doenças oncológicas está a registar um aumento de aproximadamente 3% ao ano, constituindo a segunda causa de morte após as doenças cérebro-cardiovasculares, de acordo com o relatório do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas 2017.

Ainda sobre o cancro do pulmão, disse que a percentagem de cura do cancro do pulmão “anda entre os 10% e os 20%, é uma percentagem muito baixa. A maioria dos tumores são diagnosticados já em fase não operável e não curável da doença”.

“O cancro que mais mata em Portugal neste momento continua a ser o cancro do pulmão, tivemos mais de 4 mil óbitos provocados por esta doença e isto é particularmente importante porque é um tumor evitável”, disse.

E acrescentou: “Se pensarmos que 90% dos casos do cancro do pulmão estão diretamente relacionados com o consumo do tabaco podemos perceber que é aqui que temos de investir. É na prevenção e é em evitar ter a doença”.

Contudo, frisou, no geral “estamos nos melhores lugares do ranking europeu, no top cinco, no que toca à taxa de mortalidade e à taxa de incidência”.