A ministra da Saúde, Ana Jorge, defendeu ontem que o tratamento dos doentes paliativos no país é uma referência na Organização Mundial de Saúde (OMS) e um exemplo para outros países.

“O nosso sistema no tratamento dos doentes e prestação dos cuidados paliativos é apoiado pela OMS e é um exemplo para outros países”, disse à agência Lusa, Ana Jorge.

A ministra recusou comentar os números avançados ontem pela presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), Isabel Neto, que avançou que cerca de 90 por cento dos milhares de pessoas que precisam de cuidados paliativos em Portugal, não os têm.

“Não tenho conhecimento dessa percentagem, 90 por cento, de doentes sem acesso aos cuidados paliativos, por isso, não vou comentar esses números”, afirmou.

“O que posso dizer é que o nosso sistema é o mais adequado, porque privilegiamos o fator proximidade, ou seja, os doentes podem fazer os tratamentos o mais próximo possível das suas residências, quer estejam em fase terminal, ou não, e por outro lado, são mantidos no seu contexto social e perto dos seus familiares”, defendeu.

Segundo a presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, o fato de os cuidados paliativos estarem integrados na rede de cuidados continuados torna o processo “demasiado burocratizado, com tempos de referenciação muito lentos, que não se compadecem com as necessidades dos doentes”.

A ministra da Saúde, por sua vez, defende que a solução não passa pela criação de uma rede de cuidados paliativos autónoma.

“Os cuidados paliativos estão muito bem integrados na rede de cuidados continuados. Temos feito um trabalho progressivo com a formação de equipas especializadas e a criação de unidades integradas”.

Ana Jorge falava à margem da inauguração da Unidade de Longa Duração e Manutenção da Cruz Vermelha Portuguesa, em Elvas (Portalegre). Antes, a ministra inaugurou a Unidade de Convalescença da Cruz Vermelha Portuguesa em Vila Viçosa (Évora).

Para debater o tema dos cuidados paliativos decorre a partir de quarta-feira o 12.º congresso europeu de cuidados paliativos, o “maior de sempre”, que juntará em Lisboa 2.500 profissionais de saúde, afirmou Isabel Neto.

O debate, no qual participarão quase 200 portugueses, será científico e vão ser apresentados diversos trabalhos de investigação, adiantou a responsável, que afirma a necessidade de combater a “ideia errada” de que prestar cuidados paliativos é fazer caridade.

O congresso irá insistir na necessidade de investimento na formação, de investimento político real e de alteração de funcionamento do atual sistema. Paralelamente pretende informar a sociedade civil e também os profissionais de saúde.

18 de maio de 2011

Fonte: Lusa/SAPO