Em declarações à Lusa, a presidente da Associação Nacional dos Cuidadores Informais, Sofia Figueiredo, disse que as propostas em discussão ficam aquém do que os cuidadores pretendem sobretudo porque, por um lado, atiram para a próxima legislatura a aplicação de medidas concretas de apoio financeiro e laboral aos cuidadores e, por outro, não preveem a criação efetiva de uma carreira contributiva especifica.

As pessoas que se juntaram a esta manifestação trouxeram balões lilases, rosa e azuis com que decoraram as grades que separam a escadaria da manifestação. Os balões rosa e azuis simbolizam as crianças de quem os cuidadores tratam e os lilases os adultos.

A presidente da Associação Nacional dos Cuidadores Informais, Sofia Figueiredo, disse à agência Lusa que "fica aquém" do que reclamam os cuidadores o que a proposta de lei do Governo traz, que são apenas "medidas de apoio" e não um estatuto que cubra "tudo da área laboral, social e saúde".

"Falta proteger as pessoas que já se desempregaram relativamente à carreira contributiva. Tenho visto muitos títulos de jornal que falam no subsídio e nós não sabemos se vai sequer haver subsídio, nem o valor. Os cuidadores não pretendem só um subsídio", disse.

Sofia Figueiredo sublinhou ainda que os cuidadores pretendem ser apoiados, nomeadamente na área laboral, na área social e na área da saúde: "Para nós, não faz sentido que se deixe a legislação laboral para daqui a 120 dias porque isso é atirar para a próxima legislatura".

Sofia Figueiredo sublinhou ainda que é preciso ter em conta "a carreira contributiva das pessoas que se desempregaram".

"Imaginando que é só um cuidador a cuidar sozinho, essa pessoa tem de ter garantida a sua carreira contributiva porque não terá possibilidade de a pagar através do seguro social voluntário", afirmou.

A responsável apontou ainda uma reivindicação que, disse, não está em nenhuma proposta hoje em discussão: "Relativamente à rede nacional de cuidados continuados, para as pessoas entrarem na rede são contabilizados os rendimentos e não são contabilizadas as despesas desse mesmo agregado. Não pode continuar assim porque há pessoas que têm de perceber o que vão fazer, se pagam a renda de casa ou se utilizam o descanso".

A presidente da Associação Nacional dos Cuidadores Informais disse ainda ter esperança que haja um melhoramento numa eventual fusão dos projetos em discussão: "Parece-me possível melhorar. Queria que colocassem os olhos nos projetos do CDS e do BE e partissem destes dois", afirmou.

Além da proposta de lei do Governo, são hoje discutidos no parlamento projetos de lei do PSD, CDS-PP e PAN, todos centrados na ideia de criação de um estatuto, benefícios sociais e fiscais por essa ocupação, regimes laborais especiais e direito a descanso com recurso a unidades de cuidados continuados para a pessoa dependente.