Em comunicado, enviado na sequência de uma reunião realizada terça-feira com médicos daquela unidade hospitalar, o sindicado refere “uma gestão de qualidade muito discutível” e compromete-se a “dar público conhecimento desta situação, bem como de as levar às instâncias superiores, nomeadamente ARS [Administração Regional da Saúde] Norte e Ministério da Saúde”.

“Sendo um hospital com uma população direta de cerca de 350 mil habitantes e referência para 700 mil, é manifesta a falta de renovação de material, a insuficiência das instalações e o mau estado de conservação da maioria das existentes”, afirma.

Contactado pela Lusa, o Conselho de Administração do CHVNGE assinala, em resposta escrita, estar “em funções há cerca de sete meses” e ter herdado “uma situação financeira muito deficitária, com uma dívida acumulada de 75 milhões de euros (para um orçamento de 160 milhões)”.

“A melhoria da qualidade e a sustentabilidade económico-financeira do centro hospitalar são os principais objetivos da atual administração. A estratégia está a ser delineada com ampla auscultação dos profissionais e incluirá um plano diretor de instalações e equipamentos, um programa de qualidade e outro de formação e desenvolvimento do pessoal”, sustenta.

O conselho de administração indica ainda estar “comprometido com a melhoria da prestação de cuidados de saúde aos seus doentes, tendo em curso investimentos substanciais”, nomeadamente “a fase B da construção do novo edifício hospitalar, cujo concurso está a decorrer”, tratando-se de um investimento de 13 milhões de euros.

O sindicato salienta, porém, em relação ao novo edifício em construção, que, “não estando ainda acabado, já apresenta problemas físicos que obrigarão a inevitáveis obras de reabilitação”.

“Com uma pesada dívida (não quantificada mas justificativa para não haver qualquer investimento), degradam-se os equipamentos e muitas vezes faltam mesmo consumíveis de primeira necessidade para a atividade clínica; as condições hoteleiras são de tal maneira carentes que chegam a afastar utentes (nomeadamente grávidas) para outras unidades hospitalares da região”, sublinha.

Para o sindicato, “a obsessão da gestão, ao contrário do que seria de esperar para corrigir estas deficiências, parece ser a imposição de arbitrariedades, chegando mesmo a esvaziar as competências dos diretores de serviço”.

“Não havendo a negociação com os sindicatos de um Regulamento da Organização e Disciplina de Trabalho, legalmente obrigatório, o conselho de administração impõe unilateralmente horários de trabalho e permite que a Direção dos Recursos Humanos faça abusivas interpretações legais”, considerada.

O Sindicato dos Médicos do Norte refere ainda que, “perante todo este quadro, aqui muito resumido, foi preocupação geral dos presentes a possível e previsível desqualificação do Hospital, que, sendo do universo dos EPE, comprova a necessidade de revisão deste modelo não compaginável com as necessidades de um hospital público”.

Já de acordo com a administração do centro hospitalar, a fase C do novo edifício permitirá ali instalar a maternidade, seguindo-se a “construção de um novo edifício para o ambulatório e a remodelação dos pavilhões Satélite, Central e Masculino”.

“Em matéria de equipamentos há, igualmente, uma aposta na renovação e requalificação e que se reflete em vários serviços, num investimento superior a um milhão de euros”, salienta o conselho de administração.