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Especialista assegura que médicos de família desvalorizam hábitos de sono dos pacientes
13 de março de 2013 - 10h00
O especialista em problemas de sono Miguel Meira e Cruz lamenta, em declarações à Lusa, que os profisisonais de saúde desvalorizem os problemas de sono dos portugueses, defendendo que os médicos de família são fundamentais para alertar os pacientes para as consequências de dormir mal.
O presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono disse que é "raríssimo" um médico de família perguntar acerca do sono dos seus pacientes e que bastam três ou quatros perguntas para detetar os problemas.
"Há muita desvalorização por parte dos profissionais de saúde e há uma grande responsabilidade porque, se os médicos conseguirem alertar com eficiência os doentes, estes ficam, à partida, mais dispertos para o problema", apontou o investigador do Laboratório de Função Autonómica Cardiovascular da Faculdade de Medicina de Lisboa.
Miguel Meira e Cruz falava a propósito do Dia Mundial do Sono, que se assinala na sexta-feira e vai ser marcado por iniciativas da Associação, principalmente dedicadas à sensibilização de crianças e profissionais de saúde para a importância de dormir bem.
"Era importantíssimo que os cuidadores primários tivessem atenção ao sono porque é decisivo" realçou o responsável, dando o exemplo dos doentes que sofrem de dor crónica, como dores de cabeça ou relacionadas com fibromialgia, que afeta "uma imensidão de gente e é exacerbada pela privação de sono".
Menos sono aumenta suscetibilidade à dor
E se é verdade que a dor origina "um pior sono", por vezes os "maus comportamentos de sono" fazem com que o doente seja mais suscetível à dor e era importante o controlo destes fatores, apontou o investigador.
"Não estamos conscientes da importância que o sono tem para a nossa vida, para a nossa boa função e para as doenças do sono, mas convém que as conheçamos e as consigamos identificar para poder tratá-las adequadamente" e evitar as suas repercussões, acrescentou.
O presidente da Associação referiu-se também à apneia do sono, um problema que "afeta cerca de um terço da população e que os médicos de família conseguem detetar com três ou quatro perguntas".
Existem mais de 80 doenças do sono, muitas delas podem gerar sonolência e uma das principais queixas dos pacientes é a sonolência excessiva na condução.
Um doente com privação de sono, como no caso das apneias de sono, "é um perigo na estrada porque adormece muito facilmente, sobretudo quando a viagem é monótona", apontou o investigador.
Aliás, esta questão é realçada pela Associação na preparação do Dia Mundial do Sono, salientando que "a sonolência ao volante aumenta o número de mortes na estrada".
SAPO Saúde com Lusa
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