"Nós identificámos 'Alexandre Petrov' como Alexandre Yevgenïevich Michkin, um médico militar que trabalha nos Serviços Secretos Militares Russos (GRU)", precisou o portal Bellingcat, sediado em Leicester, no centro de Inglaterra.

O portal explica que a informação assenta em "várias fontes", entre as quais "testemunhos de pessoas familiarizadas" com o suspeito e cópias de documentos de identidade, nomeadamente o seu passaporte, do qual apresenta uma fotografia.

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Segundo o Bellingcat, Alexandre Yevgenïevich Michkin nasceu a 13 de julho de 1979 em Loyga, na Rússia.

Estudou Medicina numa academia militar, antes de ter treino médico na Marinha russa.

Usa identificação e nome falso

Recrutado na época em que estudava pelos GRU, passou a dispor de um cartão de identidade e de um passaporte com o nome Alexandre Petrov.

Foi esse o nome divulgado pela polícia britânica quando apresentou as conclusões da sua investigação sobre os dois homens suspeitos de terem tentado assassinar por envenenamento o ex-espião duplo Serguei Skripal e a sua filha, Yulia, a 04 de março deste ano, com Novitchok, um forte gás neurotóxico criado pelos militares soviéticos.

A polícia sublinhou, na altura, que o nome utilizado era, sem dúvida, falso.

A 26 de setembro, o portal tinha já revelado a identidade de outro suspeito, apresentado pela polícia britânica como Ruslan Boshirov.

"O suspeito é, de facto, o coronel Anatoli Tchepiga, um oficial dos GRU condecorado com altas distinções", afirmou o Bellingcat.

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A 12 de setembro, o Presidente russo, Vladimir Putin, declarou que sabia quem eram os dois homens acusados por Londres e assegurou que eles eram "civis", nada tendo feito de "criminoso".

Os dois homens foram em seguida entrevistados pela televisão pública russa RT, dizendo que se deslocaram como turistas a Salisbury, cidade do sudoeste de Inglaterra onde residia o antigo agente duplo envenenado, e desmentindo serem agentes dos GRU.

O Governo britânico acusa os GRU da autoria dessa tentativa de homicídio e emitiu um mandado de captura de dois cidadãos russos suspeitos de a terem perpetrado.

Por sua vez, Moscovo denuncia uma "manipulação da informação" e desmente qualquer envolvimento.

Serguei Skripal, antigo oficial dos GRU, foi condenado em 2006 por "alta traição" após ter sido considerado culpado da venda de informações ao Reino Unido.