"Nos incêndios de junho e outubro, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) acolheu e tratou a esmagadora maioria dos doentes queimados, em condições, que todos sabemos, são deficitárias", disse o responsável, numa conferência de imprensa à porta do polo principal daquele centro hospitalar.

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Segundo Nuno Freitas, Coimbra, "depois de ter feito todo esse esforço e acudido às populações, é a última das prioridades e vão ser o Porto e Lisboa a verem as suas unidades de queimados requalificadas" por indicação de uma comissão técnica criada pelo Governo, cujos elementos são "em mais de 90%" das duas maiores cidades do país.

O dirigente social-democrata, que é médico anestesista no CHUC, adiantou ainda que "até se fala na possibilidade de Coimbra diminuir o número de camas disponíveis", através de uma divisão do país a "regra e esquadro traçada a partir dos gabinetes de Lisboa, em que se acentua a bicefalia do país".

"Consideramos profundamente indigno que, depois dos incêndios e numa altura em que a própria população espera que haja uma discriminação positiva do Centro, exista o contrário: uma discriminação negativa", frisou.

Remodelação necessária

Nuno Freitas não entende que o projeto do CHUC "seja preterido em favor de unidades de Porto e Lisboa, que legitimamente devem ter uma resposta, mas isso não pode ser feito à conta de não haver uma nova unidade em Coimbra, cujo serviço funciona num pavilhão com cerca de 50 anos a precisar de uma remodelação, equipamentos e meios técnicos".

"É necessária uma nova unidade de queimados em Coimbra, articulada com a medicina intensiva e a cirurgia plástica e reconstrutiva e com as redes de referenciação nacionais", reiterou o médico, considerando que o CHUC "está preparado para isso".

De acordo com o líder da concelhia do PSD de Coimbra, o CHUC tem um projeto "novo, integrado, sob supervisão da medicina intensiva, cumprindo todos os ditames do ponto de vista científico internacionais preconizados para estas unidades de queimados, mas é o último projeto".

O dirigente social-democrata lamentou ainda que a comissão técnica não tenha visitado as precárias condições da unidade de queimados do CHUC e que tenha assumido que as decisões tomadas são de natureza política.

"O próprio secretário de Estado [Adjunto e da Saúde], que por acaso é deputado pelo Porto, mas penso que isso não tem qualquer influência, diz no seu despacho que a nova unidade de queimados pediátricos tem de ser no Porto e nós temos um hospital pediátrico construído recentíssimo com toda a diferenciação clínica e experiência e não se percebe esta resposta para o Centro", observou Nuno Freitas.