Embora possa afetar todo o tipo de pessoas, o suicídio é mais frequente em homens acima dos 65 anos e em jovens entre os 15 e os 24 anos.

Define-se como um ato em que um indivíduo põe termo à própria vida de forma intencional e voluntária. "Outros conceitos relacionados são a tentativa de suicídio, na qual a pessoa tem intenção de morrer, mas sobrevive, e os comportamentos autolesivos, sem intenção letal, como por exemplo cortes infligidos no próprio corpo", começa por explicar o professor e médico psiquiatra Joaquim Cerejeira.

Sinais de risco a que deve estar atento

  • sofrimento e tristeza profunda
  • o isolamento social
  • a baixa autoestima
  • as alterações repentinas de humor
  • adoção de comportamentos de risco, como o consumo abusivo de bebidas alcoólicas ou substâncias psicotrópicas
  • os sentimentos de culpabilidade e de desvalorização pessoal
  • abordar temas relacionados com a morte ou o suicídio com maior frequência
  • expressar a intenção de cometer suicídio

"Na maioria dos casos, os comportamentos suicidários estão relacionados com fatores psicopatológicos, que vão desde a presença de uma depressão, esquizofrenia ou doença bipolar, a estados de ansiedade, consumo de álcool ou ingestão de outras substâncias", acrescenta.

Outros fatores como tentativas de suicídio anteriores, o historial suicidário na família, o contacto com este tipo de comportamento nos média, assim como algumas caraterísticas de personalidade - como agressividade, ansiedade, perfecionismo - podem ser fatores precipitantes de comportamentos letais.

O que pode levar ao suicídio?

"Os contextos familiar, social, económico e cultural também desempenham um papel crucial no desenvolvimento de quadros de grande angústia que podem resultar em pensamentos suicidas, os quais são tidos pelo indivíduo como a solução que irá acabar com a dor que está a sentir", refere o psiquiatra e Diretor Clínico da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra.

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"Divórcio, dificuldades financeiras, desemprego, violência, bullying, morte de um ente querido, entre muitos outros, são algumas realidades que podem afetar de forma negativa o estado psicológico da pessoa e, por sua vez, despoletar atos suicidários", acrescenta.

O médico refere, contudo, que a presença de um ou mais fatores de risco não implica, por si só, que a pessoa atente contra a sua própria vida, isto porque os pontos anteriormente mencionados manifestam-se de forma distinta em cada indivíduo. "São as pessoas mais próximas do indivíduo, como familiares e amigos, que têm um papel fulcral na identificação de sinais indicadores da presença de fatores de risco para comportamentos suicidários", frisa o especialista.

"Expressar a intenção de cometer suicídio", por exemplo, é um dos principais sinais de risco e "jamais deve ser desvalorizado, dado que é frequente que a pessoa verbalize que pretende suicidar-se antes de realizar o ato", alerta Joaquim Cerejeira (ver quadro).

Reconheceu um sinal?

A etapa seguinte passa por tentar ajudar a pessoa a sair da angústia em que se encontra, mostrando-lhe que existe um caminho diferente para solucionar aquilo que a atormenta, diz Joaquim Cerejeira que indica várias passos para aprender a lidar com a situação:

  • Levar a sério o estado em que a pessoa se encontra e não minimizar o seu sofrimento;
  • Ouvi-la com atenção, de forma a perceber o que se passa e como pode ajudar;
  • Não criticar as suas intenções e tentar compreender as razões do seu desespero;
  • Tentar perceber quais os planos e métodos que a pessoa tem para concretizar o suicídio;
  • Transmitir empatia e confiança, demonstrando que através de si há sempre a possibilidade de desabafar e de encontrar conforto e ajuda para os problemas;
  • Ponderar, em conjunto, soluções alternativas para o problema que despoletou a intenção suicidária;
  • Propor a ajuda de terceiros, incluindo a procura de apoio especializado, nomeadamente o apoio psiquiátrico ou psicológico.

"O tratamento a adotar irá depender dos fatores que desencadearam as intenções suicidas. Caso estejamos perante um quadro psicopatológico, a psicoterapia e a utilização de fármacos são dois métodos a considerar, assim como, em última instância, o internamento", sumariza o psiquiatra. "Para os restantes casos, o tratamento e acompanhamento psicológico regular poderão ajudar a pessoa a ultrapassar o estado de angústia extrema em que se encontra", conclui.

Caso tenha pensamentos suicidas e precise de ajuda, entre em contacto com o 112 ou com a linha gratuita SOS Voz Amiga (800 209 899) - também contactável através dos números 213544545, 912802669 e 963524660.