6 de maio de 2014 - 10h53

Mais de 800 mulheres morrem todos os dias devido a complicações na gravidez e no parto, revela hoje a Organização Mundial de Saúde, que no entanto regista uma redução de 45% na mortalidade materna desde 1990.

Segundo os dados hoje revelados, 289 mil mulheres morreram em 2013 devido a complicações relacionadas com a gravidez e o parto, face às 523 mil mortes de 1990.

A quase totalidade das mortes maternas (99%) ocorre em países em desenvolvimento e um terço do total regista-se em apenas dois países: a Índia (50 mil) e a Nigéria (40 mil), conclui a OMS.

Países em desenvolvimento com os piores números

Segundo a OMS, a região mais perigosa para se ter um filho é a África subsaariana.

A taxa de mortalidade materna nos países em desenvolvimento em 2013 foi de 230 por 100 mil nascimentos, enquanto nos países desenvolvidos foi de 16 por 100 mil nados vivos, conclui a OMS.

A organização sediada em Genebra alerta para as grandes disparidades entre países – com alguns Estados a registarem taxas de mortalidade materna extremamente elevadas, de mil mortes por cada 100 mil nados vivos - e também entre pobres e ricos dentro de alguns países.

Um outro estudo da agência da ONU para a saúde hoje publicado na revista The Lancet Global Health revela que uma em cada quatro mortes se deve a complicações previamente existentes, como diabetes, VIH, malária ou obesidade, cujos impactos são agravados pela gravidez.

Outro quarto das mortes deve-se a hemorragia severa.

Hipertensão induzida pela gravidez (14%), infeções (11%), obstruções e outras complicações no parto (9%), complicações relacionadas com o aborto (8%) e coágulos sanguíneos (3%) são as outras causas identificadas.

“Juntos, os dois relatórios sublinham a necessidade de investir
em soluções comprovadas, como cuidados de saúde de qualidade para todas
as mulheres durante a gravidez e o parto, e cuidados especiais para
grávidas com problemas clínicos pré-existentes”, disse a diretora-geral
adjunta da OMS para a saúde da família, mulher e criança, Flavia
Bustreo, citada num comunicado da OMS.

Outro alerta da organização vai para a falta de dados rigorosos sobre a mortalidade materna.

Apesar
de estar a aumentar o conhecimento sobre o número de mulheres que
morrem e as razões das suas mortes, muito continua por registar, conclui
a OMS.

“Trinta e três mortes maternas por hora são trinta e três
mortes a mais”, disse o diretor de Saúde, Nutrição e População do Banco
Mundial, citado no mesmo comunicado.

"Precisamos de documentar
cada um destes acontecimentos trágicos, determinar as suas causas e
iniciar ações corretivas urgentemente”, acrescentou.

Por Lusa