“Estamos a dialogar com o Peking Union Medical College Hospital para ver como é que vamos formar esses médicos especialistas”, referiu esta tarde a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, numa sessão de interpelações dos deputados na Assembleia Legislativa de Macau.

O Peking Union Medical College Hospital (PUMCH, Hospital da Faculdade de Medicina da União de Pequim) vai gerir o futuro hospital público das Ilhas, que, de acordo com os planos do executivo de Macau, deverá entrar em funcionamento em 2023.

A formação do corpo médico, que fica a cargo desta instituição de Pequim, preocupa vários deputados de Macau, que hoje questionaram as autoridades se será seguido o modelo académico de Macau ou de Pequim.

A deputada Wong Kit Cheng perguntou ao governo se os especialistas serão formados “para trabalharem no novo hospital ou em todo o sistema de saúde de Macau”.

“Atualmente, nos Serviços de Saúde de Macau também temos formação de médicos especialistas (…), será feito na nossa academia ou de acordo com o Peking Union Medical College Hospital”, perguntou a também enfermeira do hospital privado Kiang Wu.

“Tecnicamente, somos (os médicos de Macau e da China continental) praticamente idênticos”, embora haja “algumas áreas mais especiais, [em que] há que ter uma formação mais especializada”, respondeu a secretária, acrescentando: “vamos ter de coordenar esse trabalho”.

Elsie Ao Ieong admitiu que “não há especialistas suficientes em Macau” e que o Peking Union Medical College – que “não tem a capacidade para formar todo o pessoal de saúde de Macau” – poderá “ajudar na contratação de médicos ao exterior”.

A entidade, com uma história de mais de 100 anos na China, vai ser responsável “pela gestão e prestação de serviços” do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, anunciou em outubro passado o coordenador do grupo de trabalho para a instalação do complexo, Lei Chin Ion, em conferência de imprensa.

Hospital de referência para a comunidade diplomática e estrangeiros na capital chinesa, o PUMCH foi fundado em 1921 pela Fundação Rockfeller dos Estados Unidos e conhecido como o hospital Johns Hopkins do Oriente, é um hospital geral público de grande escala, integrando a prestação de serviços médicos, o ensino e a investigação.

Com uma área bruta de construção de 420 mil metros quadrados, sete edifícios e cerca de 1.100 camas, a construção do futuro hospital deverá estar concluída no quarto trimestre do próximo ano, prevendo as autoridades “uma entrada gradual em funcionamento em 2023”.

O projeto do segundo hospital público da região administrativa especial chinesa, cuja conclusão da primeira fase chegou a estar prevista para 2015, vai ser construído na zona do Cotai, entre as ilhas da Taipa e de Coloane. O outro hospital público do território é o Centro Hospitalar Conde de São Januário, situado na península de Macau.