"Enquanto, até ao início deste ano, estávamos na Agência Europeia de Medicamentos, graças ao Brexit pudemos tomar uma decisão (...) com base no regulador britânico, um regulador de classe mundial, e não ao ritmo dos europeus, que estão se a mover um pouco mais devagar", declarou o ministro da Saúde, Matt Hancock.
"Nós conduzimos os mesmos controlos de segurança e seguimos os mesmos procedimentos, mas conseguimos agilizar a forma como são feitos, graças ao Brexit", acrescentou.
O Reino Unido deixou a União Europeia a 31 de janeiro, mas continua sujeito às mesmas regras, incluindo a legislação farmacêutica, durante um período de transição que termina no final do ano.
Por causa do Brexit, a Agência Europeia de Medicamentos, responsável pela autorização e controlo de medicamentos dentro da UE, mudou-se de Londres para Amsterdão em março de 2019 com os seus 900 funcionários.
"Fomos capazes de anunciar o fornecimento desta vacina em virtude de cláusulas da legislação europeia que existem até 1 de janeiro", explicou a diretora-executiva da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MHRA, na sigla em inglês), June Raine, após dar sinal verde para a vacina da aliança teuto-americana Pfizer/BioNTech, que é 95% eficaz.
"A nossa velocidade, ou o nosso progresso, dependeram inteiramente dos dados disponíveis na nossa avaliação contínua", acrescentou, enfatizando o rigor do processo.
No Twitter, o ministro das Empresas, Alok Sharma, elogiou o Reino Unido como "o primeiro país" a assinar um acordo com a Pfizer/BioNTech e a distribuir sua vacina. "Nos próximos anos, vamo-nos lembrar desse momento como o dia em que o Reino Unido liderou o ataque da humanidade contra esta doença", insistiu.
Esta declaração triunfante caiu mal para Andreas Michaelis, o embaixador alemão no Reino Unido: "Por que é tão difícil reconhecer este importante avanço como um grande sucesso e esforço internacional?".
As relações entre Londres e os europeus atravessam um momento muito delicado. Ambos estão envolvidos em negociações intensas para tentar definir a sua nova relação comercial a partir de 1 de janeiro.
Em caso de fracasso das negociações da relação pró-Brexit, ou de perturbações na fronteira, a vacina Pfizer/BioNTech, que é fabricada na Bélgica, poderá ser enviada de avião, disse Matt Hancock na quinta-feira passada à BBC.
Pfizer/BioNTech solicitou a autorização condicional da sua vacina contra a COVID-19 na UE junto da Agência Europeia de Medicamentos, que estabeleceu até 29 de dezembro, "no máximo", para dar, ou não, a sua autorização.
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