13 de agosto de 2013 - 16h36
A partir do dia 2 de setembro passará a funcionar na zona da grande Lisboa uma única urgência noturna com todas as especialidades, uma decisão que a Ordem dos Médicos afirma ter sido “imposta” sem discussão com os parceiros.
Dentro de 20 dias estará criada a urgência Metropolitana de Lisboa, que visa “dar resposta às grandes necessidades” da região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), indicou a Administração Regional de Saúde (ARS) desta zona.
Trata-se de uma urgência que entrará em funcionamento de forma faseada e que compreenderá apenas o período noturno.
De acordo com a informação disponibilizada pela ARSLVT, na base da organização desta nova urgência esteve o número de médicos disponíveis e o número de utentes atendidos nesse período.
A “escassez de recursos humanos médicos e envelhecimento dos respetivos quadros (a partir dos 50 anos os médicos estão dispensados de fazer urgência noturna)” e “o número de doentes atendidos na região da grande Lisboa durante o período noturno por especialidade” são os dois fatores apresentados.
A administração regional de saúde adianta ainda que esta urgência concentrará apenas as especialidades sem capacidade de resposta em termos de número de recursos humanos disponíveis.
No entanto, questionada pela Lusa sobre quais as especialidades em causa e quais os hospitais em Lisboa que vão concentrar esta urgência metropolitana noturna, a ARSLVT não respondeu.
A agência Lusa quis ainda saber em que moldes irá funcionar a urgência, se esta novidade se insere no âmbito da anunciada mas ainda não conhecida reforma da rede hospitalar, e se a população que reside do outro lado do rio passará a ter que se deslocar a Lisboa em algumas situações e se tal não põe em risco o tempo mínimo necessário para o socorro ao doente.
A ARSLVT não respondeu a estas questões, afirmando apenas “que dará mais informação oportunamente”.
Ordem queixa-se de falta de informação
Para o bastonário da Ordem dos Médicos é “inadmissível” a escassez de informação “a pouco mais de 15 dias desta alteração discricionária que vai ser imposta e que não é reforma nenhuma”.
“A Ordem não teve conhecimento do plano, não foi consultada, desconhecemos algum tipo de estudo relativamente a esta reforma, o número de pessoas envolvidas, as consequencias, os locais e a sua capacidade física para receber um número adicional de doentes”, afirmou José Manuel Silva, considerando que “este secretismo não augura nada de bom” e que “a atuação da ARS significa que a razão que preside a esta modificação é financeira e não médica”.
O conhecimento que o bastonário diz ter desta reforma é escasso e foi obtido “informalmente”, mas dá conta de que vai passar a haver uma “urgência saltitante” com especialidades a “transitar mensalmente” entre os Hospitais de Santa Maria e São José.
José Manuel Silva considera “um erro técnico” ter duas urgências polivalentes em Lisboa, quando deveria ser uma em cada margem do Tejo, por razões demográficas e em caso de catástrofe.
O bastonário também rejeita o argumento da falta de profissionais, para justificar esta reforma, considerando que tal informação é “incoerente”.
“O número de médicos tem vindo a aumentar, não há razão nenhuma para que de um momento para o outro haja falta de profissionais”, afirmou.
A Ordem dos Médicos afirma-se favorável a uma modificação das urgências, o que não aceita é que esta não seja “honestamente discutida e analisada com os médicos, com as associações de doentes, com as autarquias, com todos os envolvidos”.
Lusa