"Temos um levantamento das zonas mais carenciadas e onde o apoio é mais necessário. Lisboa e Porto são as zonas com maior carência de cobertura no apoio aos idosos, estando muito carenciadas de respostas de longa duração. Para a rede funcionar, quando as pessoas terminam a reabilitação têm de ter para onde ir, porque nem sempre podem ir para casa. É preciso haver respostas de longa duração em lares", diz Manuel Caldas de Almeida, à margem das "Jornadas de Cuidados Continuados Integrados", que decorrem hoje em Fátima, Ourém, no distrito de Santarém.

As Misericórdias são responsáveis por um total de 4.169 camas (57% do total da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados) e têm capacidade para aumentar mais 420 camas, o que representaria um aumento de 10% na capacidade das Santas Casas da rede, o que equivale a 5,8% da capacidade total, refere uma informação disponibilizada pela UMP, salientando que "há unidades prontas, mas que ainda não estão em funcionamento".

Manuel Caldas de Almeida confirmou que a rede "não está completa". Faltam unidades" e "algumas situações do país são dramáticas".

No entanto, o secretário nacional da UMP destacou o "nível de competência das unidades de cuidados continuados" (UCC) de Portugal, referindo que o país "se deve orgulhar", em comparação com os outros países europeus.

"O Estado não abriu UCC, mas contratualizou com os prestadores desses serviços. Tem sido uma excelente estratégia. Estão instaladas UCC por todo o país e a preços competitivos, até demasiado para as Misericórdias", acrescentou.

Segundo Manuel Caldas de Almeida, "para o padrão de qualidade da rede de UCC", o que as misericórdias recebem como contrapartida é insuficiente. "Basta ver que nos pagam, numa unidade de longa duração, uma diária de hotel de duas estrelas, e estamos a prestar cuidados de reabilitação e enfermagem especializados. Não chega".

O encontro de hoje servirá para debater algumas áreas que preocupam as Misericórdias, como a "qualidade, o controlo de infeção, que é um dos problemas de todas as instituições hospitalares, e a certificação de qualidade de uma área que implica novas competências profissionais e de sustentabilidade" e carece de "mais exigência".

A reflexão sobre o envelhecimento em Portugal é outro dos temas abordado. "São precisas respostas totalmente diferentes das que existem, porque hoje as pessoas envelhecem de maneira diferente e temos de ir ao encontro das suas necessidades", considerou Manuel Caldas de Almeida.

Este responsável lembrou que há mais gente a viver mais anos, mas nem todas as pessoas necessitam de cuidados paliativos. "Temos de ter estas respostas, mas também outras para as pessoas que vivem muitos anos e pretendem continuar a ter uma vida preenchida com amigos e querem continuar a fazer as coisas que faziam".

Por isso, a UMP deseja procurar dar resposta não só ao nível do apoio domiciliário com banhos e alimentação, mas também proporcionar o convívio destas pessoas com amigos quer no domicílio quer em lares.

"Temos de definir estruturas para que todos possam envelhecer com qualidade", reforçou, acrescentando que a UMP é a "principal operadora na área dos cuidados continuados" e que oferece "qualidade e competência".