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Transtornos de humor, mais ansiedade e mais alcoolismo associados a leis restritivas
7 de fevereiro de 2013 - 16h55
A aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo aumenta a qualidade da saúde de gays, lésbicas e bissexuais e ainda reduz os gastos com os serviços públicos de saúde. As conclusões são de dois estudos norte-americanos que estão hoje a fazer notícia, a propósito da votação parlamentar de ontem na Casa dos Comuns, no Reino Unido.
Investigações anteriores já tinham revelado que mudanças políticas em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo – a favor ou contra – influenciavam os comportamentos de saúde dos homossexuais.
Nos Estados Unidos, o casamento homossexual provocou um debate intenso e o estudo dos seus efeitos na população resultou em conclusões surpreendentes. Em 2004, 14 estados norte-americanos votaram para limitar na lei a definição de casamento, passando a constar na Constituição as palavras “homem” e “mulher” associadas ao matrimónio, já que a anterior lei ignorava géneros sexuais.
Na altura, um estudo acompanhou a saúde mental de lésbicas, gays e bissexuais (LGB) que viviam nos estados que votaram as emendas constitucionais. A investigação concluiu que esta população apresentava taxas maiores de transtornos psiquiátricos do que as pessoas LGB que viviam em estados onde as alterações não foram decretadas.
O estudo permite ainda avançar que os transtornos de humor aumentaram 38%, os níveis de ansiedade cresceram 248% e registou-se um acréscimo de 42% nos casos de alcoolismo, cita o Guardian.
Por seu turno, as taxas de transtornos psiquiátricos não aumentaram significativamente entre os indivíduos LGB que viviam em estados onde as emendas constitucionais não foram feitas ou entre heterossexuais que viviam em estados com a lei restritiva.
Um outro estudo realizado em Massachusetts, publicado em 2012, abordou a mesma problemática. A investigação analisou 1.211 homens gays e bissexuais que frequentavam um centro de saúde da comunidade. Os indivíduos foram acompanhados durante os 12 meses antes e 12 meses depois da votação de 2003 para legalizar o casamento gay, permitindo aos investigadores detetar o número e tipo de acessos aos cuidados de saúde e os custos associados, antes e depois da mudança legislativa.
Os investigadores concluíram que no ano seguinte à aprovação do casamento gay, as consultas médicas por problemas físicos diminuíram 13% no caso dos homossexuais e bissexuais, causando uma redução nos gastos públicos de saúde na ordem dos 10% em comparação com o ano anterior à aprovação da lei.
No que toca a problemas mentais, registou-se menos 13% de consultas médicas, o que significou menos 14% de custos. Os valores são independentes relativamente ao facto dos homens terem parceiro ou não.
Questão de saúde pública
Ainda recentemente, um estudo canadiano revelou que os gays e lésbicas que assumem a sua orientação sexual são menos stressados em relação aos que preferem manter a sua sexualidade em segredo.
Os investigadores do Hospital Louis H. Lafontaine, da Universidade de Montreal, chegaram a estas conclusões depois de testarem os níveis de cortisol - hormona que reage ao stress - e outros indicadores de tensão.
"Os gays, lésbicas e bissexuais que se assumiram perante as famílias e amigos tinham sintomas menores de doenças psiquiátricas e níveis mais baixos de cortisol logo de manhã em relação aos que preferem manter a sua orientação sexual em segredo", acrescentou.
"Sair do armário não é mais um assunto de debate popular, mas uma questão de saúde pública. Internacionalmente, as sociedades devem esforçar-se para facilitar esta autoaceitação, promovendo a tolerância, o avanço da política e a dissipação do estigma de todas as minorias", disse, na altura, Robert-Paul Juster, autor da investigação.
SAPO Saúde
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