Semelhante a uma pérola, na forma, na cor e no valor que tem para a oftalmologia, a tecnologia poderá chegar ao mercado dentro de três anos se tudo correr como o previsto.

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O projeto, que tem por base a investigação realizada por Marcos Mariz no âmbito do seu Doutoramento no Departamento de Engenharia Química da FCTUC, acaba de obter 230 mil euros de financiamento através de uma candidatura liderada pela investigadora Paula Ferreira, do Departamento de Engenharia Química da FCTUC, ao concurso de projetos de investigação lançado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

Esta verba, explica Marcos Mariz, vai permitir "otimizar o processo de preparação do dispositivo, não só ao nível do fabrico mas também avaliar qual o processo de esterilização mais eficaz e seguro".

"Vai permitir ainda fazer a avaliação da biocompatibilidade, isto é, saber se o ineye não causa irritação ocular e se é bem tolerado pelo doente", acrescenta.

Investigadores de Coimbra criam
créditos: UC

Após a avaliação da biocompatibilidade do dispositivo, realizada em colaboração com a equipa de Ilídio Correia, da Universidade da Beira Interior (UBI), serão iniciados os ensaios pré-clínicos do inserto na forma de placebo, ou seja, sem fármaco.

Considerando que, "atualmente, a administração da maioria dos fármacos continua a ser feita através de gotas, num processo que exige destreza, leva ao desperdício e à distribuição sistémica de grande parte do fármaco e para o qual os doentes mostram pouca adesão, principalmente em doenças crónicas, esta tecnologia (de acordo com a definição do INFARMED, um medicamento) terá um grande impacto no tratamento de doenças como o glaucoma", assevera o investigador.

A pérola é "colocada no interior da pálpebra inferior sem necessidade de cirurgia. A composição e a arquitetura da tecnologia ineye dotam este sistema de uma versatilidade sem precedentes no mercado", conclui.

O ineye, que já tem patente nacional, estando a decorrer o processo de patenteamento internacional, tem vindo a obter várias distinções.

Só em 2017, ano de arranque do projeto como negócio, angariou cerca de 100 mil euros em dinheiro e serviços. Primeiro com o Arrisca C, depois o Inov C e posteriormente dois prémios do consórcio EITHealth, uma das mais abrangentes e importantes iniciativas mundiais na área dos cuidados de saúde, do qual a Universidade de Coimbra é agora membro.