Em declarações à agência Lusa, Ana Viana, vice-coordenadora do projeto ‘ENCKEP: European Network for Collaboration on Kidney Exchange Programmes’, afirmou hoje que o processo de doação de rins é uma “problemática transversal” aos 27 países envolvidos no projeto.

Mulher dá à luz em corredor de hospital e fotógrafa capta o momento
Mulher dá à luz em corredor de hospital e fotógrafa capta o momento
Ver artigo

“Este projeto abrange profissionais de várias áreas, que trabalhavam isoladamente, mas que sendo esta uma problemática transversal, era muitíssimo importante colocar as pessoas a trabalharem juntas na mesma temática”, contou.

O projeto, iniciado no final de 2016, visa avaliar as “boas práticas” dos programas de doação renal cruzada desenvolvidos em cada país e implementá-las numa “colaboração transnacional”.

“Por boas práticas entendemos, por exemplo, os critérios de afetação dos doentes aos dadores e que tipo de informação deve ser usada sobre os doentes e dadores para fazer um teste preliminar de compatibilidade”, esclareceu.

Para a investigadora do INESC TEC, a implementação de uma colaboração transnacional “requer muito cuidado”, na medida em que é necessário ter em conta “vários aspetos”, desde éticos, legais e tecnológicos.

“Uma das grandes vantagens de implementar programas transnacionais é o aumento do número de pares envolvidos. Está provado que quanto maior o número, maior a probabilidade de as pessoas serem transplantadas. Assim, países mais pequenos, com programas nacionais de pequena dimensão, verão à partida mais doentes a serem transplantados, nunca descurando os países de maior dimensão, que terão também de retirar benefício da colaboração. Daí a necessidade de estudar diferentes políticas de alocação de órgãos aos vários participantes”, apontou.

Fotógrafa mostra em 22 fotos a "brutal e doce realidade de ser mãe"
Fotógrafa mostra em 22 fotos a "brutal e doce realidade de ser mãe"
Ver artigo

O INESC TEC, que já desenvolveu uma ferramenta de otimização para encontrar os pares “mais interessantes” para o transplante, é uma das equipas do consórcio responsável por “estudar hipóteses” e a desenvolver modelos que pretendem “refletir a realidade”.

“Queremos desenvolver uma ferramenta que permita simular, de acordo com as abordagens seguidas pelos grupos, as diferentes possibilidades de transplante”, frisou a investigadora.

À Lusa, Ana Viana adiantou que a equipa do INESC TEC se encontra a desenvolver uma “interface gráfica” e que já tem “uma proposta” para apresentar no âmbito do “protótipo final” do ENCKEP, projeto que termina em 2020.

“Já temos uma proposta de como deveria ser esta ferramenta, quais as funcionalidades, outputs, algoritmos que vamos usar e a integração dos dados de diferentes países”, acrescentou.