22 de novembro de 2013 - 12h24
 O Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) vai associar-se a instituições, especialistas e líderes governamentais de toda a Europa durante uma semana para aumentar o conhecimento sobre as vantagens do teste ao VIH.
Em declarações hoje à Lusa, o diretor do ISPUP, Henrique Barros, que foi Coordenador Nacional para a Infeção VIH/SIDA de 2005 a 2011, salientou que a realização deste teste é fundamental “para não vivermos com a falsa noção” de que a infeção está a diminuir.
“O número de casos diagnosticados anualmente ainda é dos mais altos da Europa Ocidental. Embora não se saiba objetivamente o que se está a passar nestes últimos tempos, o que se teme é que com estes problemas de natureza económica possa haver uma regressão no que se refere à prevenção e diagnóstico atempado da doença”, frisou.
A realização deste teste que é “barato” é a forma de “ativar os mecanismos para detetar as infeções”, sempre que há dúvidas em relação a determinados comportamentos.
“O número de infeções estava a diminuir mas, claro que se não fizermos os testes, aumenta a sensação de que o número de casos vai abrandar mais. A doença é silenciosa e só se manifesta vários anos depois de o doente se ter infetado”, referiu o especialista, frisando, por isso, a necessidade de alertar para a importância de realizar estes testes VIH que são de “fácil acesso”.
Com início oficial hoje, a Semana Europeia do Teste VIH é assinalada pelo ISPUP com um conjunto de atividades, a decorrer até 29 de novembro. Entre quarta e sexta-feira, a Unidade Móvel do Centro de Acompanhamento e Deteção Precoce do VIH/SIDA Porto, irá estar presente (durante o período da tarde) nas imediações do ISPUP, para realização de aconselhamento e teste, de forma anónima, confidencial e gratuita
O programa inclui, na terça-feira, uma formação, orientada para trabalhadores do sexo e utilizadores de drogas, em colaboração com a Agência Piaget para o Desenvolvimento (APDES), e às, 14:00, o auditório do Instituto recebe Miguel Rodrigues Pereira (membro fundador da Abraço e seropositivo), Manuel Pizarro (vereador da Câmara Municipal do Porto e Secretário de Estado da Saúde nos XVII e XVIII governos constitucionais) e Ana Cláudia Carvalho (médica infetologista no Hospital de S. João) para uma mesa-redonda.
Moderada por Henrique Barros, esta conversa irá incidir na temática do teste ao VIH e a sua importância na redução do diagnóstico tardio da infeção, assim como em algumas questões associadas, tal como o estigma e discriminação.
O cineasta Joaquim Pinto leva ao ISPUP a exibição do seu documentário multipremiado “E agora? Lembra-me”. A viver com VIH e com o vírus da Hepatite C (VHC) há quase 20 anos, Joaquim Pinto define “E Agora? Lembra-me” como “o caderno de apontamentos de um ano de ensaios clínicos com drogas tóxicas e ainda não aprovadas para o VHC”.
Na quarta-feira, a atividade no ISPUP é direcionada para os mais jovens, com a realização de uma ação de formação sobre o VIH/SIDA a alunos do ensino secundário.
Coordenada pela plataforma HIV in Europe, a Semana Europeia do Teste de VIH tem por objetivo principal a redução do número de diagnósticos tardios. A decorrer sob o lema “Fala sobre o VIH. Faz o teste!”, esta iniciativa pretende encorajar as populações a solicitar o teste de VIH e garantir que o alargamento deste rastreio chega também aos grupos e pessoas mais vulneráveis.
Lusa