O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, prometeu “transparência total” na resolução do caso das próteses mamárias da sociedade francesa Poly Implant Prothese (PIP), no centro de um escândalo mundial, indicam excertos de uma entrevista hoje divulgados.

O chefe de Estado francês falou sobre o caso PIP numa entrevista ao jornal Généraliste, uma publicação direcionada para a comunidade médica. A entrevista será publicada na íntegra na sexta-feira.

“Estamos totalmente empenhados em garantir que todas as responsabilidades vão ser identificadas”, assegurou Nicolas Sarkozy, quando questionado sobre o dossier PIP.

“Este é o objetivo das investigações que foram solicitadas por Xavier Bertrand [ministro da Saúde] e sobre as quais queremos uma transparência total”, frisou o chefe de Estado francês.

“Parece, nesta fase, que estamos perante uma fraude que ultrapassa as fronteiras do nosso país. A justiça vai pronunciar-se”, concluiu.

A empresa PIP, em falência desde março de 2010, está envolvida num escândalo internacional por ter utilizado um gel industrial que substituía fraudulentamente o gel médico e que se suspeita estar na origem de uma taxa anormal de ruturas dos implantes.

A PIP produzia cerca de 100.000 implantes por ano, 84 por cento dos quais eram exportados, nomeadamente para a América Latina, Espanha e Reino Unido. As estimativas apontam que entre 400.000 a 500.000 mulheres terão colocado implantes PIP em todo o mundo.

Em França, 20 casos de cancros, incluindo 16 cancros da mama, foram assinalados em mulheres com implantes mamários mas sem que fosse estabelecida uma relação de causa-efeito.

O governo recomendou a 30.000 mulheres francesas que retirassem os implantes.

Outros países, como Alemanha e Holanda, também recomendaram a remoção.

Em Portugal, as orientações vão no sentido de reforçar a vigilância das mulheres que têm estes implantes e dar respostas a eventuais problemas.

11 de janeiro de 2012

@Lusa