HealthNews (HN)- Enquanto médico especialista em Pediatria, o que diria sobre o impacto e riscos associados nas crianças?
Hugo Rodrigues (HR)- O vírus sincicial respiratório é, de longe, a principal causa de bronquiolites. Na altura do inverno é a infeção com que mais lidamos, levando a um número de internamentos significativo. Este vírus atinge uma faixa etária que nos preocupa muito, como é o caso dos bebés e das crianças pequenas.
HN- A incidência do vírus sincicial respiratório está subestimada. Que tipo de estratégias de prevenção temos, atualmente, disponíveis em Portugal?
HR- Antes da COVID-19, associávamos o VSR às bronquiolites dos bebés e das crianças pequenas. Foi com a generalização das pesquisas de vírus que começamos a perceber que o vírus sincicial respiratório atingia também outras faixas etárias.
Mas respondendo mais concretamente à pergunta, na verdade, até este ano não tínhamos propriamente uma forma muito eficaz de prevenir os vírus respiratórios, à excepção da gripe. De qualquer modo, durante a pandemia percebemos que as medidas de etiqueta respiratória e a lavagem frequente das mãos são medidas que podem contribuir para a redução destas doenças. Podem não ser 100% eficazes, mas não deixam de ser importantes. Em relação ao VSR, este ano trouxe novidades, porque passamos a dispor de 2 vacinas e de um anticorpo monoclonal.
HN- Como olha para a tendência crescente que tem sido verificada relativamente ao número de infeções pelo VSR?
HR- Este ano não temos tido uma tendência muito diferente daquilo que seria expectável. Vamos entrar no inverno e sabemos que o vírus sincicial respiratório começa a surgir nesta altura, provocando um aumento progressivo do número de doentes. Provavelmente até março vamos ter um pico de VSR. Nos países de clima temperado é mesmo assim.
HN- Este vírus pode provocar doença grave ou a morte do doente. Qual a importância da ação das equipas multidisciplinares de profissionais de saúde nos cuidados de saúde primários?
HR- É fundamental. Não temos forma de bloquear a progressão da doença, de qualquer forma aquilo que sabemos é que nos primeiros três dias este vírus provoca uma infeção respiratória superior (como obstrução e secreções nasais). Nesta fase, é importante garantir uma boa higiene nasal e garantir um contacto de proximidade para perceber quais são os bebés que, ao fim destes primeiros dias, se mantêm estáveis ou que progridem para uma infeção mais baixa (bronquiolite). Esta avaliação é fundamental nos cuidados de saúde primários. A maior parte das infeções por vírus sincicial respiratório não é grave, podendo ser geridas pela Medicina Geral e Familiar.
HN- Integra o painel de oradores de um webinar, promovido pela Pfizer, sobre a infeção por este vírus. Qual a importância desta sessão online?
HR- Este webinar é muito interessante porque tenta abarcar um espetro alargado por vírus sincicial respiratório, pois porque para além dos bebés e das crianças há outras faixas etárias que também são afetadas. Esta visão alargada torna a sessão muito relevante.
HN- Quais os temas que distinguem este webinar?
HR- Destacaria a discussão sobre as estratégias de prevenção nas diferentes faixas etárias e o papel da vacinação.
HN- Na sua opinião, quais as mais valias para os profissionais de saúde que participem nesta iniciativa da Pfizer?
HR- A mais-valia é conhecer estas caraterísticas do VSR e perceber que existem algumas estratégias que podem e devem ser equacionadas para mudar o panorama do vírus – é aquele que mais dores de cabeça dá aos pediatras no inverno. O webinar mostra, por outro lado, que o VSR afeta outras faixas etárias que antigamente não eram consideradas.
Entrevista de Vaishaly Camões
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