No dia em que o departamento encerrou para obras, Alexandre Valentim Lourenço adiantou, em entrevista à agência Lusa, que já há obras a decorrer no serviço de Ginecologia para preparar o bloco operatório.

“Quando estiver preparado, podemos começar a fazer as cesarianas eletivas. É uma questão de um ou dois meses até podermos retomar alguma dessa atividade para casos muito especiais, casos em que este hospital permite juntar no mesmo sítio muitas especialidades, neonatologia, anestesia, neurocirurgia, cirurgia cardíaca, vascular, ou seja, qualquer mãe ou criança que precise do acesso de mais do que uma especialidade nós conseguimos concentrar tudo neste hospital”, disse.

O hospital recebe grávidas com este tipo de necessidades específicas de toda a região sul de Portugal e, durante o encerramento do departamento, tem de haver “soluções intermédias” para esse “pequeno número de casos”, disse o responsável.

Por isso, avançou, “estamos já a agilizar uma parte da obra para poder começar rapidamente a trazer alguns desses serviços essenciais para a rede metropolitana" de maternidades.

Segundo o especialista, a realização das obras exigiu “dois grandes níveis de intervenção”, sendo que o primeiro passa por garantir a continuidade dos cuidados das grávidas que estavam no Santa Maria e pela transferência desses serviços de “uma forma dinâmica e faseada para o hospital São Francisco Xavier”.

“Os serviços de internamento foram todos transferidos durante estes últimos dois dias e a sala de partos encerrou esta noite”, tendo uma equipa completa (seis elementos) do Santa Maria iniciado funções no São Francisco Xavier.

O segundo nível de intervenção tem a ver com as obras que envolvem a construção de cerca de mil metros quadrados de área nova, que incluirá a construção de novos quartos de dilatação, a remodelação da urgência de ginecologia e obstetrícia, o aumento do número de camas para o bloco de partos e para a sala de observação, além da ampliação do internamento de puerpério, novas instalações para ecografia e a renovação do serviço de neonatologia.

“É importante perceber que estamos a fazer uma remodelação de uma maternidade com 70 anos sem poder mexer na estrutura do edifício original e isso obriga a uma complexa articulação de engenharia, de arquitetos, de mestres-de-obras e também de funções clínicas para que corra muito bem”, salientou.

Questionado sobre os receios manifestados por profissionais de saúde relativamente às condições de segurança, Valentim Lourenço afirmou que os médicos vão fazer o que sabem “fazer muito bem, que é ver doentes e vê-los com muita qualidade”, mas reconheceu que “mudar de local de trabalho, com hábitos novos e para umas instalações diferentes é sempre algo que é complexo”.

“Temos equipas de excelente qualidade, muito sólidas, que vão ter que trabalhar noutro ambiente. Não é que isso seja complexo individualmente para muitos médicos [...], o que é complexo é juntar duas equipas que têm formas de trabalhar que podem ser diferentes”.

No entanto, a qualidade do espaço do hospital de São Francisco Xavier “é incomensuravelmente melhor” do que a que existe hoje no Santa Maria, observou, comentando ainda que é um processo de transição necessário para ter “uma casa nova”.

“Vamos construir a melhor maternidade em termos de qualidade e de segurança e também de equipas, porque as nossas equipas, que são muito robustas, quando voltarem, além do que já sabiam, também vão ganhar em aprendizagem”, salientou.

Questionado sobre se as escalas estão asseguradas no São Francisco Xavier, explicou que há escalas para os próximos 15 dias, para se perceber qual é o afluxo de doentes neste período, “podendo essas escalas serem modificadas, reforçadas ou diminuídas” conforme as necessidades.

“Estes processos obrigam a muito bom senso e a uma grande capacidade de adaptação e por isso o nosso planeamento foi feito e está a ser cumprido”, assegurou, acrescentando que, neste momento, é preciso ter “a capacidade de medir o que está a acontecer” e tomar “as medidas corretivas a qualquer momento”.