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Organização Mundial de Saúde diz que tem sido dada pouca atenção a população entre 10 e 19 anos
26 de novembro de 2013 - 09h57
Mais de dois milhões de adolescentes vivem com VIH e o número de mortes associadas à infeção naquela faixa etária aumentou 50% em sete anos, enquanto diminuía 30% na população em geral, informou hoje a OMS.
Num documento hoje divulgado, em que apresenta pela primeira vez recomendações sobre o VIH direcionadas aos adolescentes, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escreve que a população entre 10 e 19 anos tem sido prejudicada pela falta de uma atenção específica no tratamento e prevenção do VIH/Sida.
Esta "falta de um apoio efetivo e aceitável" para os adolescentes resultou num aumento de 50% no número de mortes associadas à sida naquela faixa etária entre 2005 e 2012, período no qual o número de mortes na população em geral diminuiu 30%.
Este aumento deve-se, em primeiro lugar, à fraca prioridade dada aos adolescentes nos planos nacionais de prevenção do VIH, à provisão desadequada de testes acessíveis e à falta de apoio aos adolescentes para que adiram aos tratamentos antirretrovirais, escreve a OMS.
Nas vésperas do Dia Mundial de luta contra a sida, que se assinala a 1 de dezembro, a OMS recorda que todos os adolescentes são vulneráveis ao VIH devido às transições físicas e emocionais e aos comportamentos menos avessos ao risco típicos deste período.
"Os adolescentes precisam de serviços de saúde e apoio desenhados para as suas necessidades. Têm menos probabilidades do que os adultos de serem testados ao VIH e muitas vezes precisam de mais apoio do que os adultos para se manterem nos cuidados de saúde e para continuarem os tratamentos", diz o diretor do departamento de VIH/Sida da OMS, Gottfried Hirnschall, citado num comunicado da organização.
A vulnerabilidade dos adolescentes ao vírus é particularmente óbvia em zonas com epidemias generalizadas de VIH, como na África Subsaariana.
Cerca de um sétimo de todas as novas infeções por VIH acontecem na adolescência, alerta o chefe do programa de VIH da Unicef, Craig McClure, sublinhando que se não forem eliminadas as barreiras ao diagnóstico e ao tratamento - leis duras, desigualdades, estigma e discriminação que impedem o acesso a serviços como a prevenção, o diagnóstico e o tratamento - "o sonho de uma geração livre de sida nunca se realizará".
Crianças com sida sem diagnóstico
Ao longo da próxima década, alerta a organização, as crianças que hoje vivem com VIH vão tornar-se adolescentes e, enquanto algumas estão já diagnosticadas e a receber tratamento, outras não foram diagnosticadas e/ou não estão a ser tratadas.
Na África Subsaariana, por exemplo, estima-se que apenas 10% dos rapazes e 15% das raparigas dos 15 aos 24 anos saibam se estão infetados com o VIH, alerta a OMS.
A organização recomenda aos governos que revejam as suas leis para facilitar que os adolescentes possam ser testados ao VIH sem precisarem do consentimento dos pais e sugere algumas formas de melhorar a qualidade do apoio aos adolescentes nos serviços de saúde.
"Os jovens precisam de ser mais bem equipados para gerirem a sua infeção por VIH e para tomarem controlo da sua saúde", diz Elizabeth Mason, diretora do departamento de saúde materna, neonatal, infantil e adolescente da OMS.
"Vimos por exemplo no Zimbabué que, ao desenvolver serviços amigos dos adolescentes, é possível obter bons resultados entre os adolescentes. Apelamos a outros que se inspirem nestes exemplos", acrescenta.
SAPO Saúde com Lusa
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