Sara Gestrudes deslocou-se de propósito de Lisboa a Castelo Branco, para acompanhar a sua avó, de 82 anos, a uma consulta de ortopedia, que decorreu dentro da normalidade.

"Vim de Lisboa de propósito para ir com a minha avó que é de Salvador (Penamacor) à consulta de ortopedia, que estava marcada para as 10:00. Funcionou tudo muito bem e inclusivamente fez um raio x", explicou à agência Lusa, Sara Gestrudes, de 37 anos.

Contudo, adiantou que vinha com algum receio, uma vez que fez mais de 200 quilómetros para acompanhar a sua avó e arriscava-se, por causa da greve dos médicos, a fazer uma viagem em vão.

A utente sublinhou ainda que na consulta externa do HAL estava tudo "muito normal", sem a presença de muita gente à espera das consultas.

Emília Barata, 53 anos, que tinha uma consulta de ortopedia marcada, também estava satisfeita por ter sido atendida e corroborou as palavras de Sara Gestrudes, confirmando à Lusa que tudo aparentava ser um dia normal na consulta externa do hospital de Castelo Branco, cidade onde reside.

Já Ana Antunes, que se deslocou de propósito da Sertã a Castelo Branco, com o seu filho Bruno Jorge, 16 anos, também manifestou satisfação pelo facto de o jovem ter sido atendido às duas consultas que tinha marcadas para hoje.

"O meu filho tinha uma consulta de desenvolvimento e outra de psicologia marcadas para hoje. Quer numa quer na outra foi atendido normalmente. Eu tinha recebido uma mensagem do hospital a confirmar as consultas, mas, mesmo assim, vinha com algum receio", disse.

João Fontainhas, 69 anos, reside em Castelo Branco e deslocou-se hoje ao HAL para realizar uma consulta de otorrinolaringologia.

"Recebi uma mensagem do hospital a confirmar a consulta. Hoje vim cá, vinha um pouco na expectativa, mas fui atendido normalmente", frisou.

A Lusa contatou o secretário regional de Castelo Branco do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que disse não ter ainda dados disponíveis sobre a paralisação.

Os médicos iniciaram hoje às 00:00 três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela "defesa do Serviço Nacional de Saúde".

A reivindicação essencial para esta greve de três dias é "a defesa do SNS" e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação - o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

Para hoje à tarde, a FNAM agendou ainda uma concentração em frente do Ministério da Saúde, em Lisboa.

A paralisação nacional de três dias, que termina às 24:00 de quinta-feira, deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, cuidados paliativos em internamento.