Na região do Alentejo, "temos uma média de adesão à greve de 86%", disse à agência Lusa o secretário regional do Alentejo do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Armindo Sousa Ribeiro.

Segundo o também médico, a adesão à paralisação nos hospitais e centros de saúde do Alentejo está a provocar, sobretudo, o adiamento de consultas e cirurgias e situa-se nos 92% no litoral alentejano, 87% no distrito de Portalegre, 83% no distrito de Évora e nos 81% no distrito de Beja.

10 sapatos prejudiciais para a saúde
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No Hospital do Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém, das três salas do bloco operatório só a de urgências funciona e várias cirurgias e consultas externas foram adiadas, disse Armindo Sousa Ribeiro.

No hospital de Évora, só duas das cinco salas do bloco operatório estão a funcionar, uma para situações de urgência e outra para cirurgias programadas, precisou, referindo que várias cirurgias e cerca de 80% das consultas externas marcadas para hoje deverão ser adiadas.

No Centro de Saúde de Évora - Extensão Norte, Patrícia Carapinha, que se encontrava à porta, disse à Lusa que contava ter consulta com a médica de família, referindo que já tinha "feito a ficha" e que não lhe tinham dito nada sobre a greve dos clínicos.

Uma funcionária da Unidade de Saúde Familiar (USF) Lusitânia, situada no rés-do-chão do mesmo edifício, adiantou que os médicos daquele serviço estavam a dar consultas.

No hospital de Beja, só duas das cinco salas do bloco operatório estão a funcionar, uma para situações de urgência e outra para cirurgias programadas, disse Armindo Sousa Ribeiro, referindo que várias cirurgias e cerca de 70% das consultas externas marcadas para hoje deverão ser adiadas.

A Lusa esteve hoje de manhã no serviço de consultas externas do hospital de Beja e, pela informação recolhida, muitos dos utentes presentes iam ter consulta.

Em Portalegre, duas das três salas do bloco operatório do hospital estão a funcionar, uma para situações de urgência e outra para cirurgias programadas, e várias cirurgias e consultas externas foram adiadas, disse Armindo Sousa Ribeiro.

Segundo o sindicalista, "a maioria" das cirurgias marcadas que não foram adiadas nos hospitais de Beja e de Portalegre estão a decorrer "com recurso a médicos tarefeiros e prestadores de serviços".

Os médicos iniciaram hoje às 00:00 três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela "defesa do Serviço Nacional de Saúde".

A reivindicação essencial para esta greve de três dias é "a defesa do SNS" e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação - o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.

Para hoje à tarde, a FNAM agendou uma concentração em frente do Ministério da Saúde, em Lisboa.

A paralisação nacional de três dias, que termina às 24:00 de quinta-feira, deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, cuidados paliativos em internamento.