
“Durante a manhã foi cancelada a totalidade das cirurgias programadas nos hospitais do Algarve, registando-se uma adesão de 100% nos serviços de pneumologia, medicinas 1 e 3, cardiologia, neonatologia e pediatria”, indicou à agência Lusa Nuno Manjua do SEP, durante uma concentração de enfermeiros à porta do hospital de Portimão.
De acordo com o dirigente sindical, “em média regista-se uma adesão de 80% nem todas as unidades de saúde algarvias”.
Além dos constrangimentos causados nos três hospitais algarvios - Portimão, Faro e Lagos - que compõem o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) - a paralisação dos enfermeiros “está a afetar as unidades de cuidados de saúde primários, com uma adesão de 100%” em Quarteira e em Vila Real de Santo António.
Descontentamento e a indignação dos enfermeiros
Nuno Manjua considera que “a adesão significativa à greve, demonstra o descontentamento e a indignação dos enfermeiros face à contagem de pontos, independentemente do seu vínculo, para que possam progredir na carreira, a atribuição do suplemento de especialista que deveria ter tido efeitos retroativos a janeiro e a contratação destes profissionais de saúde”.
“Faltam 500 enfermeiros no Algarve, 350 nos hospitais e 150 nos centros de saúde e queremos que de uma vez por todas, esta carência crónica acabe na região, porque este verão esperamos ainda uma maior dificuldade para assegurar os serviços”, destacou.
O sindicalista do SEP prevê maiores dificuldades nas várias unidades de saúde durante o verão, devido ao facto dos enfermeiros que estavam a 40 horas passarem para as 35 horas semanais a partir do dia 01 de julho, o que “irá afetar, em muito, os cuidados de saúde” na principal região turística do país.
A greve, que decorre desde as 08:00 até às 24:00 de hoje, foi convocada pelo SEP para pedir a contratação de mais enfermeiros para compensar a passagem do regime de 40 para 35 horas semanais a partir de 01 de julho.
Os enfermeiros com contrato individual de trabalho vão voltar ao horário semanal de 35 horas em vez das atuais 40, o que, segundo contas do SEP, implica que serão precisos "1.976 enfermeiros" para compensar a redução de horas destes profissionais para manter tudo a funcionar.
Por outro lado, segundo a presidente do SEP, Guadalupe Simões, há uma falta de enfermeiros mais profunda, que tem a ver com "o desinvestimento e os cortes na área da saúde", com efeitos negativos nos salários e nas carreiras que levaram "muitos enfermeiros a sair do país".
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