"Outra greve? Desta vez de quem? Isto assim não dá. Temos uma incerteza constante sobre se vamos ser atendidos, de há médicos, enfermeiros e agora também técnicos", reclamou à Lusa, à porta daquela unidade hospitalar de Braga, Maria da Fonte, reformada, 67 anos.

22 doenças muito estranhas
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Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram hoje às 00:00 dois dias de greve nacional por falta de acordo com o Governo sobre matérias relativas às tabelas salariais, transições para nova carreira e sistema de avaliação.

"Todos sabemos que a greve é um direito, mas ser atendida e ter um serviço em condições também é. E com tanta greve perdemos a conta a quanto isto anda", continuou a sexagenária.

O movimento no Hospital de Braga "é o normal", segundo quem ali trabalha na cafetaria de acesso ao público.

"Não se está a sentir muito, também ainda é cedo. Aqui ainda não ouvimos reclamações sobre isso e acredite que ouvimos sempre", explicou à Lusa uma das funcionárias do serviço.

Carlos Castro, 38 ano, veio ao Hospital para uma consulta se rotina: "Estou aqui a ser seguido depois de uma superação. Estou agora a saber da greve, mas acho que não vai interferir com a minha vida ou pelo menos assim espero", referiu.

A greve é convocada pelas quatro estruturas sindicais que representam os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, sendo que a paralisação deve afetar análises clínicas, meios complementares de diagnóstico e alguns tratamentos.

Os sindicatos alegam que a tabela salarial imposta pelo Governo faz com que cerca de 90% dos técnicos permaneçam na base da carreira toda a sua vida profissional. Além disso, dizem que o sistema de avaliação imposto prolonga a estagnação salarial por mais 10 anos.

Argumentam ainda que o Governo violou o acordo firmado com os sindicatos, reduzindo a quota dos que atingem o topo da carreira em 50%.

"Isto é um regabofe de greves e o utente é que se trama", terminou o desabafo Maria da Fonte.