“Querem fechar o internamento”, que ocupa seis das 11 camas da unidade, que funciona em articulação com o Centro de Saúde de Góis, disse o provedor da Santa Casa da Misericórdia, José Serra, indicando que a UIH acolheu cerca de 500 utentes ao longo de 18 anos.

José Serra revelou que, em junho, a instituição que dirige foi informada, através de correio eletrónico, da comunicação da ARS que obriga os médicos do Centro de Saúde de Góis, no distrito de Coimbra, a “não realizarem mais internamentos” naquela unidade.

A UIH foi criada no âmbito de um protocolo celebrado, em 1996, entre a Misericórdia, a ARS do Centro e a Segurança Social.

As seis camas de internamento médico são da responsabilidade do Ministério da Saúde, enquanto as restantes são pagas pela Segurança Social, assegurando apoio a idosos equiparado aos cuidados continuados.

“Sentimo-nos traídos, mas estamos disponíveis para manter negociações com base no diálogo com o Ministério da Saúde”, disse aos jornalistas a presidente da Câmara de Góis e também da assembleia geral da Misericórdia, Lurdes Castanheira.

A ARS alegou que o protocolo que regula o funcionamento da UIH “é atípico”, adiantou, indicando que a unidade “custa ao Estado 60 mil euros” por ano.

“Também em Góis, sentimos todos os dias o esvaziamento dos serviços públicos”, lamentou a autarca socialista, realçando “o excelente serviço prestado ao abrigo do protocolo tripartido”, de cuja aplicação a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Góis “nunca se alhearam” desde a criação da UIH.

O provedor, por sua vez, informou que a unidade gerida pela Santa Casa, que emprega sete pessoas, “não tem internamentos desde 01 de julho”, após a comunicação nesse sentido da ARS.

Na sua opinião, “trata-se de uma morte lenta anunciada” para cuja resolução a Misericórdia e o concelho esperam a marcação de reunião por parte da Administração Regional de Saúde, liderada pelo médico José Tereso.

Corroborando a posição de Lurdes Castanheira, o presidente da Assembleia Municipal, José Carvalho, manifestou a solidariedade do órgão à instituição que gere a UIH, que “não pode fechar” e que poderá necessitar de um renovado apoio financeiro da Câmara, uma posição também defendida pelo presidente do conselho fiscal da Misericórdia, Miguel Ventura.

“Sem os internamentos”, da responsabilidade do Ministério da Saúde, “a unidade não é sustentável” e terá de encerrar, sublinhou o provedor José Serra.

A presidente da Câmara, por seu turno, anunciou que as instituições locais vão solicitar uma audiência ao ministro da Saúde, Paulo Macedo.

A agência Lusa tentou obter a posição da ARS do Centro, que remeteu um eventual esclarecimento para mais tarde.