
O coordenador do Curso de Ciências Biomédicas da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU), Ricardo Dinis, explicou hoje à Lusa que os 14 alunos passaram seis anos em formação partilhada, três anos no Instituto Universitário de Ciências da Saúde (IUCS-CESPU) e, posteriormente, três de Mestrado Integrado em Medicina na Universidad Alfonso X (UAX), de Madrid.
“Estes 14 graduados em Medicina podem agora ajudar a colmatar a crescente necessidade de médicos em Portugal”, disse, congratulando-se por este acordo entre as duas instituições de ensino superior privado de Portugal e Espanha encerrar agora “a primeira etapa com grande sucesso”.
O IUCS/CESPU, com sede em Paredes, distrito do Porto, “congratula-se pelo êxito destes estudantes e espera que com a formação de excelência que receberam nestes últimos três anos, nomeadamente o acesso a centros de simulação médica e hospitais universitários na área geográfica de Madrid, dotados de grande casuística e prestígio reconhecido na investigação científica médica, possam agora assumir-se como profissionais diferenciadores na prática clínica em Portugal e no estrangeiro”, disse.
CESPU reclama possibilidade de ministrar curso de medicina
A CESPU, instituição privada que leciona vários cursos na área da saúde, reclama há vários anos da tutela, sem sucesso, a possibilidade de poder ministrar o curso de medicina.
O protocolo firmado com a universidade espanhola, que possibilita que os alunos de biomédica transitem para Madrid para completar os estudos em medicina, foi, segundo o estabelecimento de ensino superior privado, a forma encontrada para contornar a situação.
Os alunos concorreram, em 2015, às 30 vagas disponíveis no quarto ano de medicina na Universidade Alfonso X El Sabio, de Madrid, tendo sido admitidos.
A seleção dos alunos para ingressar em medicina, na universidade espanhola, foi realizada com base numa seriação que englobou as classificações obtidas no curso e as provas de seleção que incluíram testes psicotécnicos, prova de língua espanhola e de conhecimento em biomedicina.
“Este acordo é inovador pois um ciclo de estudos não se encerra nas fronteiras de um país e prepara os estudantes para o mercado internacional e multicultural”, sublinhou o coordenador do Curso de Ciências Biomédicas, que esteve presente na cerimónia de graduação destes 14 estudantes da CESPU em Madrid.
Estes 14 estudantes integraram o primeiro grupo da parceria bilateral CESPU/UAX, mas há ainda mais dois grupos de estudantes que ingressaram em Medicina na UAX em 2016 e 2017. Segundo a CESPU, “este ano, ingressará também um novo contingente de estudantes”.
Contactado pela Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considerou importante salientar que “não se trata de um grupo de estudantes formados em Medicina numa escola privada em Portugal, porque isso ainda não existe”.
“Esses médicos são formados em Espanha, foi lá que eles fizeram o mestrado integrado em Medicina. A partir daí, este grupo, como qualquer médico formado em qualquer país europeu ou nos países com quem a Europa tem acordos específicos, tem liberdade de circulação e podem vir para Portugal”, disse o bastonário.
Segundo explicou à Lusa, estes alunos podem fazer a prova nacional de acesso à especialidade, nas mesmas condições dos colegas formados em escola de medicina em Portugal.
“É o mundo em que vivemos, não tenho nada contra a circulação das pessoas, agora isto não permite, por exemplo, fazer um grande planeamento em termos de organização”, sublinhou.
De acordo com Miguel Guimarães, “haveria vagas na especialidade para todos os médicos que tiveram nota para entrar no curso de medicina em Portugal e fizeram cá o curso de medicina. Não há é para os formados em Portugal e para os que vêm de fora, sejam portugueses ou estrangeiros”.
“Não há porque não há capacidade. Esse problema vai-se agravar, que é o que aconteceu em Espanha, foram 11.700 candidatos para 6.500 vagas”, sublinhou.
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