As espirometrias permitem o diagnóstico da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), mas estão apenas disponíveis para um número reduzido de pessoas. É por isso que a FPP aproveita o Dia Mundial sem Tabaco, que se assinala a 31 de maio, para reforçar a necessidade de se fazerem mais deste tipo de exames, tornando-o "mais democrático, espalhado pelo país" e acessível aos fumadores, sobretudo os mais jovens.

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"É preciso insistir no diagnóstico precoce e no ensino da população", reforça o especialista José Alves, que não concorda com a realização de espirometrias aos fumadores apenas a partir dos 40 anos, como preconizam as guidelines nacionais.

"Se esperarmos pelos 40, pode haver uma perda de função respiratória que já não é recuperável". Até porque, acrescenta, "só se nota uma perda da função respiratória quando se está nos 60% das nossas capacidades. É, por isso, preciso intervir nos fumadores e a FPP pretende, juntamente com as farmácias, fazer uma campanha nacional para a realização de espirometrias aos fumadores, sobretudo os mais jovens".

Esta doença tem um forte impacto na vida das pessoas e no Sistema Nacional de Saúde

Não dói e é fácil de fazer

Paula Pinto, pneumologista, explica que a espirometria é "um exame não doloroso" e que "mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar cada vez que respira, ou seja, a quantidade de ar que um indivíduo é capaz de colocar dentro e fora dos pulmões e a velocidade com que o faz", concordando que "devem ser efetuados todos os esforços para aumentar a acessibilidade à espirometria".

Para a realização deste teste é necessário um técnico especializado e um médico, a quem cabe a leitura do resultado. Apesar de tudo isto, José Alves considera que a democratização das espirometrias é exequível, através de programação e organização.

"Marca-se um dia e faz-se, nesse mesmo dia em que o técnico se desloca às farmácias, uma série de exames, que depois o médico vai poder avaliar", reforça o clínico. "Não estamos a querer tirar o protagonismo ao Serviço Nacional de Saúde, a quem cabe a realização destes exames. Mas a disponibilizarmo-nos para o fazer a quem não tem acesso fácil e rápido. É esse o nosso objetivo", frisa.

A DPOC é uma doença que afeta o sistema respiratório, "causando obstrução das vias aéreas, sendo a sua principal causa o tabagismo", afirma Paula Pinto.

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"Esta doença tem um forte impacto na vida das pessoas e no Sistema Nacional de Saúde", acrescenta, salientando que se manifesta, muitas vezes, com sintomas como "o cansaço, que vai aumentando progressivamente e provoca uma adaptação sucessiva dos doentes às limitações crescentes".

"No dia-a-dia, não conseguir acompanhar ‘o passo’ de outras pessoas da mesma idade, é um exemplo destes sintomas. Outro sintoma é a sensação de cansaço em tarefas simples, como ir às compras ou subir escadas, precisando de parar mais frequentemente do que outras pessoas para recuperar", exemplifica.

Trata-se de uma doença que, de acordo com dados recentes, atinge cerca de 14% da população portuguesa com mais de 45 anos "e está ainda subdiagnosticada. Atualmente, estima-se que a nível mundial 250 milhões de pessoas sofram de DPOC, prevendo-se que, em 2030, a DPOC seja a terceira causa de morte".

É uma doença que se instala progressivamente e "afeta maioritariamente fumadores ou ex-fumadores", pelo que "a procura de ajuda junto do médico é tardia e numa fase em que os sintomas já são muito limitantes. Muitas vezes, a ida ao médico só acontece porque o doente teve um episódio de agravamento que obrigou a uma ida ao hospital em episódio de urgência, que sendo suficientemente grave pode inclusivamente levar a um internamento (estes casos são classificados como agudizações). O sentimento de culpa associado a esta doença também motiva algum afastamento dos doentes da procura do seu médico, pois consideram os sintomas uma consequência natural de fumarem", refere a especialista.