“A nossa meta era superar as 100 toneladas, o que atingimos esta semana [102,225Kg], isto significa o crescimento da Fruta Feia. Hoje em dia, estamos a trazer quatro toneladas do campo, o que, para os agricultores, representa um aumento bastante significativo na sua rentabilidade”, disse Isabel Soares, uma das fundadoras do projeto, em declarações à agência Lusa.

A cooperativa Fruta Feia resulta de uma ideia de quatro amigos para aproveitar cerca de um terço da fruta e vegetais que os supermercados desperdiçam, por considerarem que não têm o aspeto perfeito que os consumidores procuram.

Com a abertura do último ponto de entrega da Fruta Feia na linha de Cascais, mais precisamente na Parede, Isabel Soares considerou ter sido dado mais “um salto no crescimento” do projeto e atingido um dos objetivos para abril, que era descentralizar a distribuição em Lisboa e abrir o terceiro ponto de entrega.

Isabel Soares reconheceu que a intenção inicial da Fruta Feia “era crescer”, mas sublinha que tudo “aconteceu acima das expetativas”.

Lembrou que quando apresentou a ideia a concurso, na Gulbenkian, o projeto era arrancar com um grupo de 40 consumidores no Intendente, em Lisboa, mas quando foi colocado em prática eram já 100.

“Segundo o nosso modelo de negócio inicial, devíamos estar com 120 pessoas. Estamos com 700 e nas próximas duas semanas vamos receber mais 100, vamos ser 800 no total”, afirmou ainda um pouco incrédula.

De acordo com Isabel Soares, o projeto “superou muito” as expetativas da jovem equipa que o colocou em marcha.

A responsável salientou que, um ano e meio depois, as pessoas continuam a identificar-se com a causa, o que os faz ter uma lista de espera enorme.

“Há agricultores nos quais conseguimos, este ano, escoar todo o desperdício que tinham. É uma sensação excelente, perceber que conseguimos evitar que estas pessoas deixassem de deitar produtos para o lixo ou não apanhá-los das hortas e pomares, é ótimo”, sublinhou.

Para o segundo semestre de 2015, o objetivo, de acordo com Isabel Soares, é levar a Fruta Feia até ao Porto, em princípio com duas delegações.

Atualmente, as cestas de 'fruta feia' - pequenas com 3/4kg e cinco a sete variedades e a grande com 6/8kg e sete a nove variedades, compostas por frutas e hortaliças, que variam semana a semana conforme a altura do ano - podem ser recolhidas às segundas-feiras na Casa Independente, no Intendente, às terças-feiras no Ateneu Comercial de Lisboa e às quintas-feiras na Sociedade Musical União Paredense, na Parede.

"Gente bonita come fruta feia" é o lema do projeto, que pretende associar "bons ideais às pessoas que estão dispostas a comer" esta fruta não normalizada, para evitar o desperdício alimentar, concluiu Isabel Soares.