A análise realizada pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa/FCT NOVA, aponta para a necessidade de “se adotarem medidas de caráter excecional (…) para diminuir o risco de exposição de curto prazo da população aos poluentes”.

Em declarações à agência Lusa, Francisco Ferreira, do departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da FCT NOVA, explicou que as partículas “são poluentes com piores consequências para a saúde pública à escala mundial”.

“Falamos de sete milhões de mortes prematuras por ano, quer em termos de da qualidade do ar interior quer principalmente do ar exterior. [As partículas] têm um conjunto de compostos que interferem com o nosso sistema respiratório e cardiovascular”, salientou.

Segundo Francisco Ferreira, quanto mais pequenas forem as partículas maiores são as consequências.

Na última semana foram registadas “elevadas concentrações das partículas poluentes inaláveis com níveis acima do valor limite legislado (…), afetando principalmente a região Norte” do país.

“As condições meteorológicas verificadas desde 30 de janeiro, segunda-feira, contribuíram para a acumulação de poluentes atmosféricos à superfície, causando uma forte degradação da qualidade do ar”, aliando-se “à maior utilização de lareiras para o aquecimento doméstico”, lê-se no estudo.

Para o também presidente da associação ambientalista Zero, as lareiras “são problemáticas do ponto de vista da própria qualidade do ar”.

“Este é um problema que só conseguiremos ultrapassar se tivermos habitações e edifícios mais eficientes, se tivermos programas e ações sensibilização para sistemas de aquecimento com recurso a biomassa, mas com menores impactos”, indicou.

“Nos dias muito frios, este recurso excessivo de lenha é problemático, quando temos condições meteorológicas muito agravantes do problema, sem vento. (…) Num curto prazo deveríamos fazer um apelo para as pessoas evitarem o uso tão intenso das lareiras”, acrescentou.

Sobre o facto de o estudo se focar na região Norte, Francisco Ferreira referiu que é onde o “uso das lareiras é mais frequente”.

“Mas, se olhármos para alguns locais na região Centro e mesmo no resto do Continente, nós identificámos situações parecidas. Não foram tão graves, porque o frio não era tão intenso e as condições meteorológicas não foram tão desfavoráveis e também não foi detetado um uso tão intensivo das lareiras”, observou.

De acordo com a análise, ainda assim, a situação da poluição “deverá sofre um desagravamento nos próximos dias, com a probabilidade de ocorrência de precipitação”.

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