Qualquer jantar romântico está associado a uma boa companhia, a um bom vinho tinto, a pétalas de rosa e à companhia da luz trémula das velas. Mesmo que este conceito já possa soar a um gosto duvidoso, a paixão teima em andar de mãos dadas com a lamechice e é responsável por uma visão enevoada da realidade. Faz parte e ainda bem que assim é.
Jantares a três, apesar do mundo se ter modernizado, são menos românticos e desvirtuam o conceito. Foi o que fez, pelos vistos, Gwyneth Paltrow. Ao que tudo indica, lançou uma vela com o cheiro da própria vagina. Questiono-me acerca dos testes químicos para igualar o odor daquela jóia da coroa e enganar todo e qualquer especialista no olfacto.
Esta brincadeira dá novos contornos ao nível da linguística, porque “fazer de vela” deixa ser “estar a mais” para passar a ser estar ao alto, com a cara toda enrodilhada, a babar dos lábios.
Este tipo de velas vai ser responsável pelo aumento de obesidade mundial, devido ao aumento de apetite com o aroma a chocha. Pode levar a reclamações em restaurantes, na medida em que toda a espetada passa instantaneamente a saber a terra e mar. Também pode ser útil para poupar umas coroas, porque comer uma boa dose de bifinhos com cogumelos de olhos fechados exponencia a refeição para a marisqueira mais cara da região. Isto para não falar no índice de felicidade familiar quando os lares ficarem todos os dias mais natalícios pelo aroma a consoada.
Certo é que Gwyneth Paltrow fez a coisa bem feita e, dificilmente, será acusada de publicidade enganosa, dado que poucos saberão o tal cheiro original e ela pode colocá-la a cheirar ao que bem entender. E à vela também.
Numa rápida consulta à descrição do produto, constatamos em que é que consiste o cheiro: “com um aroma divertido, bonito e sensual, esta vela é feita com gerânio, laranja, bergamota e cedro, com rosa de damasco e sementes de ambrette, para nos fazer lembrar fantasia, sedução e um calor sofisticado”. Pronto, basicamente a Gwyneth Paltrow acha que as pessoas ficam com desejos com uma visita de estudo ao Jardim Botânico da Madeira. É que, se a descrição do odor da vagina é quase a receita de um gin no Bairro Alto, estamos conversados. Não sei o que é que ela tem lá em baixo, mas tudo indica que é uma florista, levando-me a crer que qualquer relação sexual com a senhora parece dia de finados.
Metam-se a banalizar o conceito desta forma, que a secção de detergentes de roupa não tardará a estar repleta de homens túrgidos, pelo odor a lavanda, jasmim ou flor de laranjeira.
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