Há cada vez mais doentes referenciados para fazer cuidados continuados, entre os quais a fisioterapia. Acha que isso demonstra um maior alerta para os benefícios deste tipo de cuidados?

Sim, acho que demonstra não só maior alerta para o conhecimento dos benefícios como também para um maior conhecimento da existência deste tipo de cuidados. Porém, temos a noção que ainda são poucos os médicos especialistas que reconhecem as potencialidades do contributo da fisioterapia no processo de recuperação dos utentes e quais as suas mais-valias.

Existe algumas áreas do país mais abrangidas pelo acesso aos cuidados continuados do que outras. Como é que se pode resolver esse problema? 

Falta maior vontade política e mais equidade na abertura deste tipo de unidades possibilitando uma maior equidade e rapidez no acesso a este tipo de cuidados. Também deveria ser realizada uma maior fiscalização no funcionamento das mesma nomeadamente no que respeita à contratualização dos profissionais de saúde.

E em que outras áreas da Saúde deveria o Governo apostar?

Nos cuidados de saúde primários, nos cuidados continuados e nos cuidados paliativos, bem como um maior investimento nos recursos da fisioterapia e gestão destes serviços.

A população portuguesa está a envelhecer cada vez mais. Acha que tem sido feito o trabalho necessário para garantir qualidade de vida aos reformados e aos doentes crónicos?

Infelizmente acho que não tem havido o investimento suficiente. Os nossos doentes encontram grandes barreiras no acesso aos cuidados de saúde. Quem está no terreno verifica e vivencia dia-após-dia as dificuldades que existem. No momento em que há doença e são precisos cuidados de saúde é que a população se apercebe das dificuldades, barreiras e limitações que existem no nosso sistema.

Há pessoas a desistirem dos tratamentos?

Infelizmente é uma realidade dos nossos dias. De certa forma a crise em conjunto com algumas medidas adotadas pelo governo levaram algumas pessoas a desistirem da fisioterapia e dos tratamentos quer por dificuldades económicas, como a falta de dinheiro, quer por burocracias.

Os portugueses têm noção dos benefícios da fisioterapia?

Eu acho que sim. Da minha experiência, os portugueses valorizam bastante a fisioterapia e isso verifica-se nas expectativas e na esperança que eles depositam na nossa intervenção.

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