
Em 2018, 64,1 milhões de embalagens de medicamentos não puderam ser dispensadas nas farmácias portuguesas no momento da compra. É o número mais elevado desde que o fenómeno começou a ser monitorizado em 2014.
Em 2018, as notificações à associação do setor aumentaram 32,8% face ao ano anterior.
Os dados constam do último relatório do observatório que foi criado há seis anos pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (Cefar) da Associação Nacional de Farmácias (ANF) para monitorizar este problema.
As falhas podem pôr em risco a saúde dos doentes, quando estes se vêem obrigados a interromper a toma da medicação, se houver ruptura do abastecimento do mercado.
Os fármacos que mais faltam
Os medicamentos que mais faltaram em 2018 foram o Sinemet (para a doença de Parkinson), o Trajenta (que combate os diabetes), o Aspirina GR (para doentes com tromboses e enfartes), o Spiriva (doença pulmonar obstrutiva crónica) e o Adalat (hipertensão).
Fonte do setor farmacêutico queixou-se ao Correio da Manhã que o abastecimento dos laboratórios às farmácias é "irregular" porque "os preços praticados em Portugal são dos mais baixos da Europa" e há uma "falta de liquidez das farmácias para fazer stock".
Alguns dos medicamentos que os doentes não encontraram nas farmácias portuguesas no último ano são "considerados essenciais pela Organização Mundial de Saúde" e a sua falta coloca os doentes "em risco", noticia o referido jornal diário.
Farmácias do Interior são as mais prejudicadas
"As falhas dos medicamentos são um problema de saúde por dificuldades globais do setor. A maioria das farmácias tem prejuízo para dispensar os medicamentos essenciais, comparticipados pelo Estado", comentou o secretário-geral da ANF, Nuno Flora, em nota à imprensa.
"As dificuldades são maiores nas farmácias mais pequenas do Interior, que servem as populações mais idosas, isoladas e desfavorecidas (e não podem vender outros produtos — cosméticos, para bebé, etc — para compensar o prejuízo que têm nos medicamentos)", advertiu.
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